“Um País que está muito polarizado politicamente. Eu achava que o politicamente correto era chato, mas o ideologicamente correto é mais chato ainda”
Prédio da Federação das Indústrias de Goiás, 11° andar. O dia parece muito tenso para quem não está ali todos os dias. Olhar fixo, concentrado. André se desloca de uma sala para outra, alheio ao que se passa na sala, sempre acompanhado o celular. Ora digita uma mensagem ora fala com alguém na linha. Mas não é um dia tenso, é mais um dia de trabalho.
Aquele André que corre ali tem o mesmo espírito jovem do André estagiário da empresa do Paulo Afonso (ex-presidente da FIEG), quando começou sua carreira na área de Engenharia ou do André menino, que tinha o Autódromo Ayrton Senna como quintal – seu pai, Ney Lins Rocha, presidiu a Federação Goiana de Automobilismo (Faugo) por 25 anos, onde revitalizou o autódromo e trouxe as principais competições do País para cá.
Aos 54 anos, André Luiz Baptista Lins Rocha, que nasceu em Brasília, brinca com sua condição de candango. “Nasci em Brasília por acidente. Meu pai foi para Brasília comprar uma caderneta de poupança, com o Colombo e o Cesar Baiocchi. Era para voltar em agosto, eu nasci em julho.” Ney e Teresinha acabaram voltando em novembro, com André no colo.
André destaca a trajetória familiar na sua formação e construção de liderança. “A família sempre são os primeiros exemplos que a gente tem. Trago um exemplo muito forte do meu avô, Domingos Altair Baptista, que faleceu no ano passado, com 102 anos. Meu avô, juiz aposentado, tinha uma lucidez fantástica, uma ótima memória. Meu pai e minha mãe foram sempre pessoas com muitas referências para mim.”
“Eu resolvi muito cedo que seria engenheiro. Eu entrei na faculdade muito novo, mas maduro, aos 16 anos. Meu tio Fernando me inspirou muito a fazer Engenharia. Eu aprendi muito com o meu sogro, Assad Mahamed, que era um engenheiro muito técnico. Ele foi um engenheiro tradicional, a empresa dele comemorou 50 anos em 2024. Ele já é falecido, mas foi um dos pioneiros em Goiás na construção de pontes e viadutos. Primeiro por sua referência da parte técnica e segundo, por ter me dado muita liberdade”, citando várias entidades que presidiu ou foi dirigente na sua carreira, como AGE, Sinduscon, Sindicato de Engenheiros, AGE Crédito, Sifaeg-Sifaçúcar, entre outras.
“Na vida classista, destaco algumas pessoas: Valdivino de Oliveira, que me deu todo apoio no início na AGE e me preparou para sucedê-lo, o que de fato ocorreu, não na sucessão imediata, mas na seguinte. Quando fui reeleito, não concluí o mandato, pois tive a oportunidade de presidir a Celg. Na questão classista, destaco ainda Cyro Miranda, que foi presidente da Acieg, da Adial e teve participação em várias entidades de classe. E o Paulo Afonso, que sempre me estimulou muito. Quis o destino que no quarto ano da faculdade, fui fazer estágio em sua empresa. Na época, ele também presidia o Sinduscon. Ele sempre nos cobrava participação.”
André cita algumas questões que o incomoda: “Precisamos diminuir o custo Brasil. O maior desafio se chama carga tributária, que é altíssima para um País em desenvolvimento, um País pobre. O Brasil ficou caro sem ficar rico. É um desafio melhorar a logística e resolver o apagão da mão-de-obra. Precisamos reduzir o papel do Estado e fazer uma reforma administrativa, teremos de enfrentar essa reforma, acabar com privilégios. E, ao mesmo tempo, precisamos investir muito em Educação. O futuro de um país depende da Educação. Com dizia Monteiro Lobato, um país se faz com homens e livros. O sistema de indústria tem suas ferramentas na área e vamos investir muito na Educação básica.”
Mas uma pauta que está sempre na agenda do André é a família. Pai de quatro filhos, Andréia, Bárbara, Vitória e Lucas. “As três já moram fora de Goiânia, e o caçula, com nove anos, está com a gente. Eu tenho de equilibrar essa correria e não ser uma pessoa ausente da vida deles – eu procuro participar dos principais momentos e tentar transmitir valores, procuro mostrar que tive, por exemplo, uma infância simples. E eu encontrei no estudo a porta, não de saída, mas o caminho para poder evoluir na vida. Uma maneira de você tentar educar é com exemplos. Então, a gente tem de passar um exemplo de pai e de marido.”
“A minha esposa, Priscila, é o meu braço direito, esquerdo, tudo. Até porque nessa correria, nessas ausências de você ter de trabalhar muito, viajar e não estar tão presente em casa, é que a gente tem essa dura tarefa de estar mais próximo dos filhos e ela que tem feito desempenhar este papel com muito esmero. O papel dela é muito mais eficiente do que eu, muito melhor. Mas é importante essa cumplicidade. Temos 30 anos de casal e 36 anos que estamos juntos. Temos vivido muitas histórias boas juntos”, comenta.

“Eu tenho a felicidade de assumir a FIEG no momento que ela está fazendo 75 anos, no jubileu de diamante da instituição. Eu estou como o 6° presidente da história da FIEG. Cada presidente teve o seu momento, o seu desafio. Antônio Ferreira Pacheco, o doutor Aquino Porto, o Paulo Afonso, o Pedro Alves e, por fim, o Sandro Mabel. Temos desafios pela frente. Coincidentemente, quando a indústria reduziu a participação no PIB, o País parou de crescer e a distribuição de renda piorou. Temos um mundo globalizado, nós precisamos melhorar a competitividade das empresas e a produtividade do trabalhador.”