Por Jullyanna Matos
O mercado de estética é um setor em constante crescimento, impulsionado pela busca por beleza e bem-estar. Há crescente demanda por procedimentos estéticos, tanto cirúrgicos quanto não invasivos. Esse crescimento também é favorecido pelos avanços tecnológicos, que trazem técnicas e equipamentos cada vez mais eficazes, seguros e personalizados.
De acordo com relatório da Grand View Research, o mercado global de cirurgia plástica e procedimentos estéticos foi avaliado em aproximadamente U$ 160,47 bilhões em 2024, com projeção de alcançar U$ 332,11 bilhões até 2030, crescendo a uma taxa anual composta de 14,7% entre 2023 e 2030. Em reais, isso representa quase dois trilhões por ano ao final desta década.
De acordo com os dados da mais recentes da pesquisa realizada pela Sociedade Internacional da Cirurgia Plástica (ISAPS), divulgada em 2024, no mundo todo houve mais de 17,4 milhões de procedimentos realizados por cirurgiões plásticos. O Brasil é o segundo País com mais procedimentos estéticos, atrás apenas dos EUA. Do total de 3,1 milhões de procedimentos, realizados em solo brasileiro, 2.354,513 foram realizados por cirurgiões plásticos e 769,245 procedimentos não cirúrgicos. Entre os mais realizados estão os de rosto/cabeça, corpo e extremidades e aumento de mama.
As mulheres continuam impulsionando a demanda por procedimentos estéticos. A cirurgia de pálpebras foi o procedimento cirúrgico mais comum em 2024, seguida pela lipoaspiração, aumento de mama (prótese de silicone) e rinoplastia. As intervenções não cirúrgicas mais populares foram toxina botulínica, ácido hialurônico (preenchimento facial), remoção de pelos, endurecimento da pele não cirúrgico e os peelings químicos. Já entre os homens a cirurgia da pálpebra foi o procedimento cirúrgico mais popular, seguido pela ginecomastia (procedimento cirúrgico para reduzir o tamanho das mamas masculinas, removendo o excesso de tecido glandular, proporcionando o contorno torácico e melhorando a autoestima) e revisão de cicatriz.
Quando bem indicada, a cirurgia plástica vai muito além da estética: ela transforma autoestima, resgata a confiança e melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes. “O avanço tecnológico tem impulsionado especialmente as cirurgias de contorno corporal, como a lipoaspiração de alta definição, enxertias musculares com uso de ultrassom, uso de tecnologias para retração da pele como Argoplasma, Morpheus, Safer. Entre as inovações adotadas está também o Nanofat com Lipocube, técnica que utiliza a gordura do próprio paciente que é rica em células-tronco, para estimular a regeneração da pele e melhorar sua qualidade, textura e hidratação”, destaca o cirurgião plástico Pablo Rassi Florêncio, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e referência em mama e contorno corporal em Goiânia.
Já os procedimentos minimamente invasivos, como fios de PDO e de tração, toxina botulínica, preenchimentos e bioestimuladores de colágeno, também merecem cuidado. Segundo Pablo Rassi, por conhecer profundamente a anatomia do corpo humano, a musculatura e os planos de aplicação, o médico especialista na área consegue traçar estratégias mais seguras e eficazes, que respeitam a individualidade, a personalidade e o desejo de cada paciente.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), no Brasil, são realizadas mais de 1,5 milhão de cirurgias plásticas por ano e a falta de regulamentação e fiscalização adequada, bem como a atuação de profissionais não qualificados, são fatores que contribuem para erros e complicações.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) informa que nos últimos 12 anos, foram registrados no País cerca de dez mil boletins de ocorrência e processos judiciais motivados pelo crime da prática ilegal, que representa um problema de saúde pública. São diferentes casos em diversas regiões do País, como má aplicação de peeling de fenol, perfuração de órgãos, embolia pulmonar e uso de substâncias não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como o polimetilmetacrilato (PMMA), um gel preenchedor, muito conhecido no mercado da estética pelo custo baixo e pelos riscos associados.
“Quando você está sob os cuidados de um cirurgião plástico especializado, comprometido e ético, ele saberá avaliar com segurança cada detalhe do seu caso e indicar a abordagem mais adequada, respeitando seus limites e objetivos. Por isso, o primeiro passo é buscar no site do Conselho Federal de Medicina informações sobre o profissional. Lá, você saberá se ele é médico, se possui registro na especialidade (RQE) e se há alguma medida restritiva do Conselho”, alerta Pablo Rassi, que foi conselheiro no Conselho Regional de Medicina de Goiás por 5 anos.
Existem muitos casos fatais, mas mesmo quando o paciente não morre, convive com as sequelas dos procedimentos mal realizados pelo resto da vida. Um caso de repercussão nacional foi o da influenciadora catarinense Letícia Mello, que ficou 11 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e mais de dois meses internada. A catarinense foi para o centro cirúrgico com o acordo de realizar a troca de próteses mamárias e a lipo HD (procedimento estético que visa a não apenas remover gordura localizada, mas definir os contornos musculares do corpo, criando um aspecto mais atlético e esculpido), mas, após dez horas de cirurgia, acordou e descobriu que passou por 12 procedimentos realizados de uma só vez, o chamado “X-Tudo”. Ela sofreu queimaduras, bolhas, necrose e perda de tecido. Hoje, a influenciadora é fundadora da clínica multidisciplinar Transformar, especialista em autismo e desenvolvimento infantil, localizada em sua cidade natal, Palhoça (SC).
“A cirurgia plástica exige precisão, responsabilidade e um compromisso ético com a saúde e a autoestima do paciente. Consultar um especialista reconhecido é a forma mais segura de garantir não apenas um bom resultado estético, mas também uma experiência positiva em todas as etapas do processo — do pré ao pós-operatório”, afirma Pablo Rassi, que também atua como preceptor de reconstrução de face e mama no Hospital Araújo Jorge.
Mercado de estética em Goiás
O mercado de cirurgia plástica em Goiás é um dos maiores do Brasil, sendo o 3° Estado em número de procedimentos, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com Pablo Rassi, existe uma procura cada vez maior por cirurgias plásticas não só no Estado, mas também fora. “O acesso à informação e a influência das redes sociais têm impulsionado esse movimento de forma significativa — tanto que, hoje, atendo pacientes não apenas de Goiás, mas de diferentes Estados e até de fora do País. Em grande parte dos casos, a cirurgia representa um reencontro com a autoestima. Tenho pacientes que, após o procedimento, passaram a viver de forma mais plena, mais confiante, como se tivessem enfim assumido a sua melhor versão. Para isso, é indispensável um plano cirúrgico personalizado, pensado em cada detalhe — com segurança, acolhimento e acompanhamento no pós-operatório. Quem busca o melhor espera mais do que um resultado estético: deseja uma experiência à altura, conduzida com excelência, discrição e sensibilidade”, destaca.
Segundo Bruna Freitas, pedagoga, biomédica com habilitação em Estética e que trabalha há anos com educação profissional no segmento de beleza, estética e bem-estar, liderando projetos no Senac-GO, com foco na formação e qualificação de novos profissionais para o mercado de trabalho, o avanço tecnológico tem impulsionado muito o mercado de estética no Estado de Goiás. A especialista explica que a estética conta hoje com equipamentos modernos para tratamentos faciais, corporais e até capilares.
“Não é só na tecnologia que vemos crescimento, o público tem buscado mais qualidade de vida, autoestima e bem-estar, o que movimenta também os serviços de massagem, drenagem linfática, limpeza de pele e terapias corporais. Tudo isso aumenta a demanda por cursos de capacitação, especialização e aperfeiçoamento, áreas em que atuo diariamente formando novos profissionais”, afirma.
Para a biomédica, o mercado de estética, beleza e bem-estar em Goiás é muito expressivo e um dos que mais gera oportunidades de emprego e empreendedorismo em Goiás.
“Apenas o setor de serviços de beleza movimenta cerca de R$ 400 milhões por ano. Quando somamos todas as áreas de estética, o impacto na economia local ultrapassa R$ 9 bilhões. Além disso, é um dos segmentos que mais gera oportunidades no Brasil e entre os serviços mais procurados estão, por exemplo, limpeza de pele profunda, drenagem linfática manual, massagens relaxantes e terapêuticas, massagem modeladora e redutora, peelings faciais superficiais e terapias com luz LED para rejuvenescimento”, ratifica.
Demografia médica no Brasil
Segundo dados do levantamento Demografia Médica no Brasil (DMB 2025), conduzido no Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o total de médicos no Brasil deve chegar a 635.706 ao final de 2025, estimativa que corresponde a uma razão de 2,98 profissionais a cada 1.000 habitantes.
Já o número de médicos cirurgiões plásticos é de 6.960 indivíduos que têm título em cirurgia plástica, entretanto são 8.142 registros de especialistas, pois 1.182 profissionais (17%) estão inscritos em mais de um CRM/UF. A DMB 2025 revela ainda que a distribuição de médicos, incluindo cirurgiões, não é uniforme no território nacional, com maior concentração nas Regiões Sul e Sudeste, predominantemente em capitais.
Em Goiás, são 22.019 médicos especialistas com registro médico, com 13.299 só na capital Goiânia. A área de cirurgia plástica abrange um total de 324 especialistas no Estado, todos com perfil jovem, com idade de até 35 anos.
Segundo a DMB 2025, a taxa de crescimento médio de vagas públicas foi de 2,5% por ano. Já a taxa de aumento de vagas privadas foi de 10,6%. Em 2024, o Sudeste concentrava 167 cursos e 20.065 vagas, o que corresponde a 41,4% do total ofertado no Brasil. O Nordeste tinha o segundo maior número de vagas (13.750 ou 28,4% do total), seguido pelas regiões Sul (6.426 ou 13,3%), Norte (4.172 ou 8,6%) e Centro-Oeste (4.078 ou 8,4%).
O estudo também destaca que 63,7% dos títulos em especialidades foram obtidos por meio da Residência Médica (RM), enquanto 36,3% foram concedidos por exames de titulação pelas sociedades médicas vinculadas à Associação Médica Brasileira (AMB). Entre os médicos especialistas, a maioria (79,1%) possui um título, enquanto 20,9% acumulam dois ou mais títulos em diferentes especialidades.
Ipog lança curso de Biomedicina Estética
A área da estética se reinventa rapidamente, com inovações tecnológicas, novos comportamentos de consumo e uma crescente demanda por procedimentos cada vez menos invasivos. Além disso, com o avanço da tecnologia, com o uso de equipamentos e aparelhos cada vez mais sofisticados, como lasers de última geração, aparelhos de radiofrequência, ultrassom microfocado, entre outros, que permitem tratamentos mais precisos e personalizados. Um ramo que mais vem crescendo nos últimos anos e trazendo boas perspectivas para o futuro é a Biomedicina Estética.
Esta nova área vai além da mera aparência, tendo um impacto profundo na saúde e bem-estar geral dos pacientes. O Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG) oferece como novo curso de graduação presencial a Biomedicina com base nas demandas reais do mercado, incorporando tecnologias inovadoras, metodologias ativas de aprendizagem e forte ênfase em áreas como estética, análises clínicas, imagem, saúde pública e gestão. O corpo docente é formado por profissionais experientes, qualificados e titulados, que compartilham suas vivências e conhecimentos em sala de aula. Destaca-se também o investimento na formação pessoal dos alunos, com o desenvolvimento de habilidades essenciais como comunicação, gestão, empreendedorismo e marketing pessoal.
“A versatilidade da Biomedicina resulta da sua estrutura multidisciplinar e da ampla variedade de áreas de atuação. O profissional pode atuar em dezenas de especialidades reconhecidas, o que permite personalizar a carreira, encontrar nichos específicos e manter-se relevante frente às mudanças no mercado. A formação é generalista, mas ao longo do curso o aluno pode direcionar-se para uma habilitação específica, como a estética avançada, por exemplo. Após a graduação, ele poderá buscar novas habilitações por meio de cursos de especialização, já que áreas como estética avançada, análises clínicas, biologia molecular, reprodução assistida e diagnóstico por imagem estão em franca expansão. Além do mais, há uma alta demanda por profissionais em hospitais, laboratórios de análises clínicas, secretarias de saúde, clínicas especializadas em estética, clínicas de imagem, faculdades e centros de pesquisa.”, destaca Wilson de Melo Cruvinel, biomédico e coordenador do curso de Biomedicina do IPOG.
A formação está estruturada em seis módulos temáticos e dois módulos de estágio supervisionado, totalizando oito semestres de formação (quatro anos). Essa organização modular contempla a formação generalista, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), ao mesmo tempo em que possibilita ao estudante o aprendizado com imersão em áreas específicas de atuação da Biomedicina. “Os alunos são constantemente desafiados a resolver problemas reais, pensar de forma crítica e inovar. Contam com infraestrutura moderna e ainda há incentivo ao networking, à pesquisa científica e ao empreendedorismo, preparando o aluno para uma inserção segura e diferenciada no mercado de trabalho.”
A Biomedicina se consolida como uma profissão com múltiplas possibilidades, capaz de atender às demandas da sociedade em saúde, ciência, inovação e estética, destaca Wilson Cruvinel. Mais sobre a graduação em Biomedicina do IPOG neste link.
Dados sobre a Biomedicina:
No Brasil, existem cerca de 176.905 profissionais de Biomedicina habilitados, segundo dados do Conselho Federal de Biomedicina (CFBM) de 2024. Após a graduação, o profissional pode se especializar em Biomedicina Estética, área promissora e em constante crescimento, com alta demanda por profissionais qualificados. Além disso, é um mercado com grande potencial de faturamento. O Sisu 2025 revelou que o curso de Biomedicina apresenta uma grande procura e concorrência com uma média de 261,3 candidatos por vaga.
