Rafael Mesquita
Uma capital que se consolidou como um polo estratégico de negócios da Região Centro-Oeste e um ambiente altamente atraente para as empresas. O resultado do estudo de Gestão do Território 2024, do IBGE, mostra que Goiânia ocupa a 11ª colocação do País em intensidade de ligações empresariais — ou seja, em número de sedes e filiais de empresas que possuem unidades em mais de uma cidade. Pode-se dizer que, quanto maior a intensidade empresarial de determinado local, maior será a capacidade de articulação de suas empresas com os demais territórios e, assim, maior também o seu poder de decisão para utilizar e coordenar recursos.
Goiânia evoluiu em relação à última atualização do levantamento, em 2014, quando ocupava a 13ª posição nacional. O salto de mais de 2 mil ligações empresariais em dez anos mostra que a cidade está cada vez mais conectada a redes empresariais de alcance nacional. “Um fator que considero decisivo é o eixo Goiânia–Brasília, que tem um dos maiores PIBs regionais do país, somando mais de R$ 270 bilhões, o que representa 6% do PIB do Brasil e 70% do PIB do Centro-Oeste. Esse corredor concentra população, consumo e empresas de alto impacto. Goiânia se beneficia diretamente por estar nesse fluxo de capital e decisão”, avalia a arquiteta e urbanista e doutoranda em Cidades Inteligentes pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Paola Monteiro.

A pesquisa também identificou quais territórios a capital de Goiás mantém vínculos empresariais mais relevantes, analisando a quantidade de ligações de empresas multilocalizadas — ou seja, que possuem unidades em mais de uma cidade. O maior número de ligações de Goiânia é com São Paulo (1.206), Brasília (1.157) e Aparecida de Goiânia (804). “O número expressivo de conexões com essas três cidades indica que Goiânia não está isolada. Ela conversa com centros econômicos estratégicos, o que aumenta seu peso na rede empresarial nacional”, acredita a arquiteta e urbanista.
Para o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Felipe Melazzo, Goiânia possui um ambiente de negócios atraente para as empresas, sobretudo em infraestrutura, segurança e qualidade de vida. “Além disso, a cidade tem pujança econômica, alavancada não só pelo agronegócio, mas também pela localização geográfica, impulsionando outros setores, como o de serviços”, afirma. Ele ainda destaca que as interações empresariais da capital no mercado imobiliário são ainda maiores que a média em outros segmentos. “Goiânia hoje ocupa a terceira colocação no ranking nacional do setor, ficando atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro. Os empreendedores, além de estarem extremamente preparados, conseguem enxergar as necessidades dos consumidores e traduzi-las nos projetos com grandes marcas que os assinam, como a Pininfarina, o WTC, dentre outras”, explica.
Municípios goianos
Embora, entre os municípios goianos, a capital ocupe a posição de maior destaque nacional em intensidade empresarial, outros apresentaram maior crescimento entre 2011 e 2021 — com destaque para Valparaíso de Goiás (89,7%) e Senador Canedo (63,7%).
Em números absolutos no Estado, Goiânia lidera (8.787), seguida de Aparecida de Goiânia (2.337), Anápolis (1.637,5), Rio Verde (1.279,5) e Itumbiara (867). As cinco cidades estão entre as 200 mais bem posicionadas no ranking nacional, entre os 5.570 municípios brasileiros.
Na gestão pública, Goiânia ocupa a 23ª posição
Além de estudar as articulações empresariais entre municípios, a Gestão do Território investiga a influência exercida pelas cidades na gestão pública. Nesse sentido, Goiânia ocupa a 23ª posição quando comparada aos outros municípios brasileiros.

Esse critério estabelece a quantidade de instituições públicas presentes em determinada cidade. Assim, o estudo classifica os centros urbanos em diferentes níveis, que variam de 1 a 9. O nível 1 é ocupado apenas por Brasília, que centraliza o papel de gestora da estrutura administrativa estatal. No nível 2, encontram-se Rio de Janeiro, São Paulo e Recife. Goiânia aparece como o município goiano mais bem posicionado — o único a ocupar o nível 4 —, seguido por Anápolis e Rio Verde.
Resultado ainda abaixo do que a capital de Goiás tem potencial para alcançar. “Goiânia tem estrutura, economia e relevância populacional para estar entre as dez principais cidades do país em gestão pública. Ocupando a atual posição, segue sendo tratada como um centro de execução, quando já deveria ser reconhecida como um centro de formulação e decisão. A cidade é a capital mais estratégica do Centro-Oeste depois de Brasília. Tem universidades de excelência, centros técnicos, instituições federais e estaduais relevantes. Mas ainda falta articulação política consistente e visão estratégica de longo prazo”, acredita Paola Monteiro.
Goiânia é o 10º maior Centro de Gestão do Território do Brasil
O estudo do IBGE também levanta os municípios que se destacam como Centros de Gestão do Território — ou seja, são responsáveis pelo papel de comando na rede urbana brasileira, tanto do ponto de vista empresarial quanto da gestão pública.
Apenas 39,1% das cidades brasileiras atendem aos critérios. Dentre elas, Goiânia figura na 10ª colocação nacional, ocupando o segundo dos nove níveis de gestão do território. O resultado representa um avanço para a capital goiana, que, em 2014, aparecia apenas na quarta classe em gestão do território.
Em Goiás, as cidades de Anápolis, Aparecida de Goiânia, Rio Verde e Itumbiara se posicionam logo abaixo de Goiânia e pertencem ao nível 4. Os demais municípios do Estado ocupam o nível 5 ou inferior.
São Paulo (SP) permanece no topo da gestão, seguido de Brasília (DF) e do Rio de Janeiro (RJ), que também mantiveram suas posições no ranking nacional.