Nos últimos anos, a saúde mental emergiu como um dos temas mais discutidos no ambiente corporativo. Com o aumento dos casos de burnout, ansiedade e depressão entre trabalhadores, tornou-se evidente que o bem-estar emocional não é apenas uma questão individual, mas uma responsabilidade coletiva que impacta diretamente a produtividade e a sustentabilidade das organizações.
Em resposta a essa realidade, o Brasil deu um passo significativo ao atualizar a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que, a partir de 26 de maio de 2025, obriga todas as empresas a incluírem a avaliação e o gerenciamento de riscos psicossociais em seus programas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) . Essa mudança reconhece fatores como estresse, assédio moral, sobrecarga de trabalho e falta de apoio organizacional como riscos ocupacionais, exigindo ações preventivas e corretivas por parte dos empregadores
No entanto, ao abordar a saúde mental no trabalho, é crucial distinguir entre a real necessidade de apoio psicológico e a baixa tolerância à frustração observada em algumas situações. A geração atual, exposta a um mundo de gratificações instantâneas e redes sociais que promovem uma realidade idealizada, pode apresentar uma menor resiliência diante de desafios e contratempos. Isso não significa que suas demandas por apoio sejam infundadas, mas ressalta a importância de desenvolver habilidades emocionais, como empatia, autoconhecimento e capacidade de lidar com adversidades.
Portanto, as empresas devem adotar uma abordagem equilibrada: oferecer suporte e recursos para a saúde mental dos colaboradores, ao mesmo tempo em que promovem o desenvolvimento de competências socioemocionais. Investir em treinamentos, criar ambientes de trabalho seguros e fomentar uma cultura de diálogo aberto são passos fundamentais para alcançar esse equilíbrio.
Em suma, a alta performance sustentável está intrinsecamente ligada ao bem-estar emocional. Ao reconhecer a saúde mental como uma prioridade estratégica, as organizações não apenas cumprem suas obrigações legais, mas também constroem equipes mais engajadas, resilientes e produtivas, preparadas para enfrentar os desafios da vida moderna.

André Ladeira
empresário e sócio da AM Investimentos, que administra um pool de empresas no Brasil e nos Estados Unidos.