A dinâmica do emprego na economia tem surpreendido na última década e dá sinais de que essa mudança de comportamento ainda está em plena evolução, ou seja, não ganhou uma forma final. E ela ocorre mais intensamente nas duas pontas, dos que estão entrando e dos que estão saindo do mercado de trabalho.
Os que estão chegando, os mais jovens, não o fazem como antes. Conhecida como geração Z, essa faixa não tem grande resiliência, demora a tomar a decisão de ir em busca desta vaga no mercado, e quando vai, não costumam ficar muito tempo. Se os pais ou primos mais velhos sonhavam em trabalhar em uma empresa grande e subir de cargo, os Zs são a maioria de pedidos de demissão no RH.
Para estes novos entrantes no mercado, o foco é gostar do que faz e ser valorizado. Segundo um estudo global feito pelo Workmonitor, dois em cada quatro profissionais da geração Z preferem ficar desempregados a permanecerem em um emprego que não gostam. Quem vai se adaptar a quem: as empresas à geração z ou o contrário?
Na outra ponta, os que já deveriam estar saindo do mercado de trabalho, depois de 30 ou 40 anos de atuação profissional, os 60+. Aliás, tema desta edição da Leitura Estratégica. Mesmo com uma recente carência de mão de obra no mercado, os trabalhadores seniores não estão na lista de preferidos dos empregadores.
E não é o caso apenas de aposentados que querem voltar a trabalhar, o que ocorre também, mas de quem passa da casa dos 50 anos, o que vai se agravando na medida que a idade vai subindo acima disso, e perde o emprego. Recolocar-se no mercado vira uma odisseia. Baixa valorização e escassez de oportunida des, além do etarismo (o que é crime de preconceito e discriminação).
A verdade é que o RH sabe trabalhar bem com os colaboradores que estão entre 25 e 60 anos, nas duas pontas, que a antecede ou a sucede esta faixa, a maioria das empresas não está preparada para lidar com isso. A questão é que não tem escapatória diante de um quadro de carência nunca vista de profissionais disponíveis no mercado de trabalho e que tende a se prolongar por anos – pois se este déficit inédito ocorre com a economia rodando longe do seu potencial, pensa se vier a acelerar. Vamos em frente – boa leitura estratégica a todos.
Leandro Resende – editor-chefe da Revista Leitura Estratégica
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