Estamos próximos de mais um final de exercício e, considerando o cenário econômico vivido até a elaboração deste artigo (novembro de 2025), é provável que muitas empresas não consigam atingir as metas planejadas, embora ainda haja mais um mês para o encerramento do exercício. Inadimplência, juros altos, queda no valor dos ativos, volatilidade nos mercados, como na taxa de câmbio e nas commodities, além das tarifas impostas pelo governo americano, entre outros fatores, contribuem para esse cenário negativo. Claro que também existem empresas e segmentos que estão indo bem e conseguirão atingir o orçamento ou até mesmo excedê-lo.
Não tenho uma bola mágica, mas o cenário econômico em 2026 deve continuar desafiador para muitas empresas, embora a narrativa do Governo seja diferente e pinte um quadro mais otimista. Soma-se ainda um ano de eleições, em que naturalmente há uma paralisação relevante nas decisões de investimentos empresariais e até mesmo dos governos, agravada pela polarização atual e que provavelmente será ainda maior até o final do processo eleitoral.
Para as empresas tomadoras de crédito, quanto mais rápido as demonstrações contábeis do exercício findo em 2025 forem divulgadas nos primeiros meses, permitindo que provedores de crédito e/ou investidores avaliem a performance e tomem decisões, maior será a vantagem competitiva pela rapidez da análise, embora não seja garantia da concessão do crédito.
Entregar as demonstrações contábeis com agilidade demonstra, entre outros fatores, qualidade na governança corporativa, cultura de acompanhamento permanente dos resultados contábeis e das informações financeiras, bons controles internos, recursos técnicos adequados e, sobretudo, valorização da contabilidade.
Rápido, mas com qualidade e, preferencialmente, com as demonstrações completas, incluindo as tão sonhadas notas explicativas, que em muitos casos são indevidamente esquecidas ou suprimidas. E, se forem auditadas, melhor ainda!
Quanto mais demorado for o fornecimento de informações completas e confiáveis, maior a tendência de que a avaliação também seja lenta, aumentando a agonia para as empresas que dependem de recursos de terceiros.
Nesse final de ano, gostamos muito da magia do Natal, mas é importante também tomar cuidado com a “mágica” nos balanços. Vendas inexistentes, postergação de despesas, classificações contábeis duvidosas, reversões de provisões indevidas, entre outras pilotagens, mais cedo ou mais tarde revelam que a empresa possui problemas temporários ou estruturais, podendo indicar, inclusive, a necessidade de uma revisão mais profunda do modelo de negócio e de uma reestruturação operacional e financeira, além da troca do comando.
Às vezes, a administração fica à espera de um milagre que não irá acontecer.
Cuidado com os especialistas de palco, os autocráticos, os charlatões e os vendedores de terrenos no céu, entre outros!
Não deixe de analisar mensalmente os resultados com o responsável pela contabilidade, que deveria ser o primeiro especialista a ser consultado.

MARCELO JOSÉ DE AQUINO,
Sócio da Ganplo Treinamento e Governança, membro de Conselho de Administração e consultivo de empresas














