A era das transformações, aberta com a hiperconexão das economias, pessoas e negócios via plataformas, é um movimento contínuo de oportunidades. São portas que se abrem em um longo corredor. Cada porta, um porto, uma oportunidade.
Não se teve na história das sociedades, ou neste longo período em que a economia e os negócios passaram a ser hegemônicos no comportamento social, uma época assim, de curtíssima latência. A era da tela, do click, do link e do enter. Em segundos, tudo se vende, tudo se vê.
Mas as portas se abrem para alguns e aos poucos ficarão trancadas para os demais. Goiás, um Estado ansioso para ser grande, está neste corredor, com tantas chaves nas mãos, pronto para acertar (ou errar) diante das suas oportunidades. Entende como um jogo de sobrevivência: em um médio espaço de tempo, boa parte das portas estará fechada.
O comércio exterior é uma oportunidade real, mas de alta exigência. A Ficomex, manchete da edição 14 da LEITURA ESTRATÉGICA, pode parecer apenas uma feira como tantas que ocorrem em Goiás. Não é. É um teste. Essa nova edição (outras duas ocorreram nos anos 2000) e as próximas três ou quatro podem posicionar o Estado. Seus parceiros no Consórcio Brasil Central (DF, MT, MS, TO, MA e RD) estão, de fato, formando um bloco competitivo de negócios de Estados emergentes dentre de um País segregador – onde existe São Paulo e Sudeste, enquanto o resto precisa ser sempre periferia.
É um desafio romper esse mecanismo de dominação imposto em um País injusto economicamente, concentrador e invisivelmente dividido, com uma elite paulista dominante que quer ver propagar por décadas seu domínio de séculos.
Não é vitimismo. É competição. Perdemos porque sempre fomos mais fracos e mais pobres. Este bloco Central do País, hoje, domina quase 70% da produção de alimentos, nossa maior comodity – seja para consumo interno e externo. O dinheiro nasce aqui. A maior parte precisa ficar aqui. Se éramos fracos, não somos mais. E o pobre? Hoje se gera valor, riqueza, com um custo de capital muito menor que no passado. O pobre hoje não é de dinheiro, é de mentalidade.
É isso. Se estes Estados do Brasil Central tiverem uma mentalidade de bloco econômico – que é o mais difícil pelo que se vê até aqui –, tiverem uma gestão empresarial (desfocada de mandatos e partidos) e uma condução profissional, podem alterar o vetor e a hegemonia de crescimento da economia brasileira em uma ou duas décadas. Esse Mercado Comum Centro Brasileiro pode tratar além do comércio exterior, mas de crédito, de emprego, ter uma política industrial conjunta...
A LEITURA ESTRATÉGICA acredita neste passo – é sua origem, pois é a primeira revista de negócios regional, que já integra GO, DF, MT e TO. O bloco econômico é algo que está ligado à maior vantagem competitiva histórica destes Estados. Inovação e tecnologia, que são outros portais de oportunidade, dependem de Educação, ciência e investimento em desenvolvimento humano e tecnológico. Nestas verticais, estamos muitos degraus abaixo do aceitável para ter alto desempenho e ter alguma relevância em menos de dez ou vinte anos.
A Ficomex é um portal dentro desta porta. É a conexão, protagonismo, uma injeção de energia e um direcionamento da luz para empresas e marcas que vão fazer a diferença nesta e na próxima década. Os empresários (não os governos, não as entidades) são os atores principais deste roteiro.
E a Ficomex pode até incomodar (e vai), mas é uma oportunidade única, na hora certa e com as lideranças públicas e privadas certas. A Ficomex é tão boa que pode dar errado. Pode dar errado por vaidade pessoal, por incapacidade de unir a visão de futuro de todos os agentes envolvidos, carência de bairrismo, excesso de insegurança, ingerência de competidores externos ou até fogo amigo de um setor público imaturo.
Parabéns à Acieg pela iniciativa, mas o jogo é pesado. Todos ganham se todos jogam. Essa é a regra de ouro.