Por Ana Manuela Arantes
O mercado imobiliário está cada dia mais aquecido e, com isso, os projetos estão mais ousados. As maquetes físicas sempre foram ferramentas sensoriais cruciais na pré-venda de imóveis, oferecendo uma visualização que transmite credibilidade e segurança ao comprador. Estima-se que até 30% das vendas sejam influenciadas pela presença da maquete como elemento de destaque no estande. Mas, com a evolução dos projetos imobiliários, esse nicho, importante para o setor, precisa acompanhar o avanço e trazer atrativos para que a maquete não deixe de ser a “cereja do bolo” na hora da venda do imóvel.

O diretor comercial da Rizzo Imobiliária, Herberth Moreira, aponta que a tecnologia evoluiu significativamente ao longo dos anos nesse mercado. “Recordo-me de quando construtoras implementaram tours virtuais, há cerca de duas décadas, proporcionando aos clientes uma experiência imersiva no empreendimento. Contudo, as maquetes físicas mantiveram a sua relevância, e acredito que o principal diferencial reside na sua capacidade de apresentar o projeto em três dimensões (comprimento, largura e altura), enquanto as ferramentas digitais se limitam a duas dimensões”, aponta.
Ele acredita que, quanto mais detalhes e elementos puderem ser apresentados ao cliente por meio de uma maquete física bem elaborada, maiores serão as chances de ele tomar a decisão de compra. “No futuro, as maquetes físicas não serão totalmente substituídas por experiências digitais. Elas continuarão a ter seu espaço, complementando as experiências sensoriais do cliente”, afirma.
O maquetista Antônio Nascimento Aguiar trabalha na área há 15 anos. Sobre a maquete física ainda ter um papel forte mesmo com as ferramentas digitais, ele aponta que essa é uma questão que preocupa os profissionais da área, mas que é respondida toda vez que se reencontram com os trabalhos já entregues. “Percebemos o quanto se faz necessária uma maquete no estande para a venda de um imóvel, pelo encanto e a funcionalidade que ela oferece. Um folder, um projetor ou até mesmo uma maquete em realidade virtual não substituem uma maquete física. As profissionais são produzidas em uma determinada escala combinada, em que cada item simula o que será ou já foi construído. Com isso, dá para ter uma dimensão do produto em sua originalidade”, afirma.
Mesmo com esse destaque, Antônio acredita que o segmento tem desafios. Nos últimos anos, o mercado de maquetes passou por um processo de profissionalização. As empresas deixaram de lado elementos e métodos artesanais para investir em maquinário e mão de obra qualificada. Essa transformação foi reflexo do crescimento no mercado imobiliário, da estabilidade da moeda, do aumento na concorrência e das políticas de financiamento. Mas há escassez de profissionais especializados.
“Na medida em que a nossa empresa foi crescendo, houve a necessidade de organizar a equipe para atender melhor à demanda. Com isso, tivemos que treinar mão de obra na própria empresa para atender nossas necessidades. Assim, passamos a setorizar as etapas: cadista, designer, corte a laser, marcenaria, montagem, pintura, paisagismo, impressão, interiores e decoração, acabamentos e entrega”, explica.
As inovações nos projetos imobiliários também são apontadas pelo maquetista como desafios para os profissionais. “Como, por exemplo, o design das fachadas dos prédios, cada vez mais complexos; paisagismo exuberante, assim como os revestimentos e mobiliário, que tornam desafiadora a execução de cada detalhe. Além disso, cada projeto exige um cronograma diferente. Normalmente pedimos 90 dias para a execução”, diz.
Quanto ao tipo de tecnologia que tem sido mais incorporada às maquetes nos últimos anos, o maquetista explica que utilizam computadores potentes, máquinas a laser, impressoras 3D, plotter de grande formato, impressora ultravioleta, além de outras que nos auxiliam a conseguir o melhor resultado. “Ainda contamos com terceiros que nos fornecem elementos que precisamos para alcançar o resultado desejado. Sem essas tecnologias, não conseguiríamos atender à demanda e ao resultado exigido pelos clientes. Tendo em vista que a maquete faz parte do marketing do produto a ser vendido, procuramos materializar o projeto com as imagens de perspectivas para uma melhor apresentação. Utilizamos tecnologia de informática e automação elétrica para deixar a arte final mais atrativa”, detalha.
Impacto na decisão do comprador
A maquete é um instrumento de fácil entendimento, em escala reduzida, daquilo que está sendo comercializado. Na visão de Antônio Nascimento, para o corretor de imóveis, ela facilita a apresentação do produto. Para o comprador, permite uma noção clara daquilo que está comprando, de modo que ele possa compreender facilmente, observando os detalhes finais de como ficará depois de pronto.
O diretor da Rizzo Imobiliária Herberth Moreira percebe uma diferença notável no comportamento dos clientes ao interagirem com maquetes físicas. “Ao apresentar a maquete de um empreendimento, como um condomínio fechado, o cliente tem a sensação de estar em um voo de helicóptero, visualizando a disposição dos elementos, as quadras esportivas e a relação com outros espaços. Ele consegue se situar e compreender as distâncias, o que a tecnologia digital nem sempre consegue reproduzir com o mesmo nível de detalhe.”

Em relação à confiança que a maquete transmite ao comprador, ele acredita que o recurso permite visualizar a disposição real dos elementos, suas dimensões, localização e interações, além de oferecer uma garantia tangível do projeto. Em caso de imprevistos, como a interrupção da obra, a maquete permanece como representação fiel do que foi adquirido, o que pode auxiliar na compreensão do projeto.
“No futuro, acredito que a relação entre maquetes, tecnologia e vendas imobiliárias será de complementaridade. A tecnologia continuará a agregar valor à experiência proporcionada pelas maquetes físicas. No nosso empreendimento Portal do Sol Noronha, por exemplo, combinamos uma maquete física com uma apresentação digital interativa, o que permite uma imersão ainda maior no projeto. Quanto mais detalhes e elementos pudermos apresentar ao cliente por meio de uma maquete física bem elaborada, maiores serão as chances de ele tomar a decisão de compra”, acredita.
Abrangência de custos e níveis de detalhamento
- A faixa de preço pode variar amplamente: de R$ 10 mil a R$ 30 mil para modelos mais simples, até R$ 70 mil ou mais para representações mais complexas.
- Em projetos de alto padrão, o valor pode chegar a impressionantes cifras: o edifício Universe Life Square teve maquete de até R$ 105 mil, com 5 metros de altura, destacando sua complexidade e impacto visual (Fonte: Gazeta do Povo).
- Materiais mais usados atualmente: compensado de madeira, MDF, acrílico, papéis diversos, tintas e colas diversas.