Tem muito empresário achando que construiu uma marca. Mas, no fundo, o que construiu foi um reflexo. Enquanto ele está na sala, decidindo, cobrando, inspirando, a empresa anda. Mas é só sair por um tempo, que o terreno treme, porque a marca, de verdade, nunca foi estruturada para caminhar sozinha.
É quando ele se dá conta de que, o que existia, era, na verdade, presença. Carisma. Controle. Isso acontece mais do que parece e, talvez, seja o seu caso, já que no Centro Oeste esse movimento está ainda mais visível. A geração que fundou grandes negócios está passando o bastão. E muitos estão percebendo que não deixaram uma marca, deixaram uma dependência.
Marcas fortes não orbitam em torno de uma pessoa. Elas têm clareza do que são, mesmo quando o fundador não está mais por perto. Sabem o que defender. O que entregar. O que jamais negociar. Se a cultura precisa da vigilância do dono pra se manter, ela não é cultura, é medo disfarçado. Se o posicionamento depende da fala de uma única pessoa, não é posicionamento, é vaidade.
Uma marca de verdade precisa respirar sozinha. Precisa inspirar, decidir, aparecer com autonomia. Com ou sem sobrenome na assinatura. E construir isso leva tempo. Requer método, mas, acima de tudo, exige coragem. Coragem de soltar o controle.
Coragem de confiar na essência. Coragem de preparar a marca pra viver como um legado, que vá além de você. Porque o dia em que você não estiver mais ali (e, acredite, esse dia vai chegar), o que vai continuar de pé não é o que você controlou. É o que você construiu com consciência.

Ciro Ribeiro Rocha,
fundador da Enredo Brand Innovation.