Por Anna Bastos
Em 2024, Brasil e Estados Unidos completaram 200 anos de relações diplomáticas, econômicas e culturais. Desde então, o país é um importante parceiro comercial do Brasil, ocupando nos últimos cinco anos o segundo principal destino das exportações brasileiras, ficando atrás somente da China.
A partir de dados do Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) do Brasil, verifica-se que as exportações brasileiras mais que duplicaram de 2020 para 2024, passando de 21 bilhões de dólares em 2020 para 40 bilhões de dólares e 12% do total das exportações brasileiras em 2024. Começamos o ano com um novo presidente nos Estados Unidos e uma nova política externa. O governo de Donald Trump tem demonstrado que terá uma postura protecionista e deliberou sobre aumento de impostos de importação para diversos setores e países.
As medidas já eram esperadas. As cobranças haviam sido anunciadas durante o período de campanha e também fizeram parte da política externa da gestão anterior de Trump. Com relação às taxas impostas ao Canadá e México, a motivação tem grande vinculação com defesa das fronteiras e tem sido utilizada como medida de negociação, tanto que os impostos foram renegociados. Já a relação comercial com o Brasil é impactada pelos impostos setoriais. Trump já anunciou a taxação em 25% a importação de alumínio e aço. O que afeta diretamente grandes empresas brasileiras do segmento. Em 2024, a exportação de aço e ferro brasileiro foi de US$ 5,29 bilhões. A maior participação brasileira no marketshare americano.
Além da taxação do alumínio e do aço, há intenção da cobrança sobre o etanol brasileiro. Atualmente, o álcool americano é taxado em 18% em sua entrada no Brasil. A possível cobrança americana gera indignação por parte dos brasileiros, uma vez que a tarifa de 18% ao etanol americano é definida pelo Mercosul, o que reduz a gestão do Brasil em relação à alíquota aplicada. Além disso, argumenta-se que o açúcar brasileiro é taxado em 100% na entrada no mercado americano.
As discussões sobre o “tarifaço” de Trump estão só começando. A diplomacia brasileira aguarda ações concretas do governo americano antes de definir as medidas a serem adotadas, uma vez que em seu mandato anterior, Trump também anunciou tarifas ao aço, alumínio e etanol brasileiros – que depois tiveram os seus impactos minimizados por meio de isenções.
Apesar dos volumes de alumínio, aço e etanol importa dos pelos Estados Unidos, a balança comercial com o Brasil registrou saldo positivo de US$ 283 milhões em 2024. Portanto, o Brasil tem uma boa medida de negociação com o governo americano. As políticas protecionistas dos Esta dos Unidos não afetam diretamente a economia brasileira como um todo. O impacto será limitado a produtos específicos, como commodities metálicas. Porém, é importante analisarmos o impacto das medidas americanas nas relações comerciais com União Europeia e países da Ásia, que são grandes importadores de produtos brasileiros.

Anna Bastos,
Advogada sócia da Anna Bastos Advocacia
CEO da B21 Import Export