Pergunta do Idon Feitosa, CFO e Governance Officer no Grupo Luiz Höhl, para a Coluna Conselho. Confira a baixo a resposta da colunista Pollyana Oliveira Guimarães.
A profissionalização da gestão em empresas familiares é um passo crucial para garantir sustentabilidade, crescimento e longevidade do negócio. No entanto, esse processo costuma enfrentar resistências e desafios específicos devido à sobreposição entre os laços familiares e as responsabilidades corporativas.
Principais desafios:
- Separação entre família e empresa:
Muitos negócios familiares nascem com decisões baseadas em laços de confiança e tradição, não necessariamente em critérios técnicos. Essa mistura pode gerar conflitos de interesse, dificultando a tomada de decisões estratégicas e imparciais. O exemplo disso é quando um filho do fundador assume uma diretoria sem preparo técnico. Isso pode afetar a moral da equipe e a performance da área, gerando ineficiências e desmotivação. - Resistência à mudança:
Fundadores e membros da família muitas vezes têm dificuldade em abrir espaço para gestores externos ou adotar práticas modernas, por receio de perder controle ou descaracterizar a cultura da empresa. - Falta de critérios claros para sucessão:
A ausência de planejamento sucessório estruturado pode gerar disputas internas e incertezas que afetam tanto a liderança quanto a continuidade dos negócios. - Comunicação informal e pouco transparente:
Processos decisórios informais podem comprometer a previsibilidade e a clareza das ações da empresa, gerando ruídos entre sócios, executivos e colaboradores.
Como a governança corporativa pode ajudar:
- Criação de estruturas formais de decisão:
A implantação de conselhos consultivos e comitês estratégicos permite decisões mais racionais, com base em dados e objetivos de longo prazo. - Políticas claras de sucessão e meritocracia:
A governança ajuda a estabelecer critérios para nomeações e promoções baseados em competências, não em laços familiares. Isso aumenta a credibilidade interna e externa da empresa. - Acordos e regimentos familiares:
O chamado “protocolo familiar” define regras sobre a atuação dos familiares na empresa, alinhando expectativas e evitando conflitos. Isso dá estabilidade à gestão. - Transparência e prestação de contas:
Com práticas como auditorias regulares e relatórios de desempenho, a empresa ganha em confiabilidade junto a bancos, investidores e parceiros.
A profissionalização não significa afastar a família, mas sim preparar a empresa para crescer com critérios técnicos, processos claros e uma cultura de responsabilidade. A governança corporativa é o alicerce para equilibrar tradição e inovação, garantindo que o legado familiar se transforme em valor duradouro.

Pollyana Oliveira Guimarães
Sócia da Consilium, Conselheira Consultiva em empresas familiares e Startup, Mentora de Líderes e Professora de MBA em cursos de liderança.