Quando sócios de uma empresa, sejam familiares ou não, têm visões e propósitos diferentes, o risco de conflitos aumenta. Essas divergências, muitas vezes alimentadas por personalidades opostas ou interesses desalinhados, podem comprometer até os melhores negócios. Mesmo com uma gestão eficiente, processos bem estruturados, produtos de qualidade e equipes competentes, a falta de harmonia entre os sócios pode levar a decisões inconsistentes, perda de foco estratégico e, em casos extremos, à falência.
Os conflitos entre sócios surgem, por exemplo, quando um deseja reinvestir lucros para crescer, enquanto outro prefere distribuí-los. Em empresas familiares, questões emocionais, como rivalidades ou expectativas não ditas, podem agravar a situação. Esses embates criam um ambiente de desconfiança, prejudicam a tomada de decisões e afetam o desempenho geral do negócio, mesmo que ele tenha um ótimo potencial de mercado.
Para evitar que essas tensões destruam a empresa, um Acordo de Acionistas claro e transparente é essencial. Esse documento define regras para a gestão, a divisão de lucros, a entrada ou saída de sócios e a resolução de conflitos. Ele funciona como um guia, reduzindo ambiguidades e alinhando expectativas desde o início, o que ajuda a prevenir disputas graves.
Além disso, uma Governança Corporativa consistente é fundamental. Ela estabelece processos formais para a tomada de decisões, como reuniões estruturadas e políticas claras de gestão. A governança cria um ambiente onde os interesses pessoais são equilibrados com os objetivos da empresa, promovendo transparência e responsabilidade entre os sócios.
Um Conselho de Administração (ou Consultivo) eficaz, com conselheiros independentes, é outro pilar importante. Esses profissionais, sem vínculo emocional ou financeiro direto com os sócios, trazem uma visão imparcial. Eles ajudam a mediar conflitos, reduzir pontos cegos e oferecer perspectivas estratégicas que os sócios, envolvidos em disputas, podem não enxergar.
A presença de conselheiros independentes também contribui para alinhar visões diferentes, promovendo decisões mais equilibradas. Eles trazem experiência externa, sugerem melhores práticas e ajudam a manter o foco no crescimento sustentável da empresa, em vez de interesses individuais.
Conflitos entre sócios com visões opostas podem derrubar até os melhores negócios. Um acordo de acionistas bem definido, uma governança corporativa sólida e um Conselho com membros independentes são ferramentas poderosas para mediar tensões, alinhar propósitos e garantir a longevidade da empresa, transformando desafios em oportunidades de harmonia e sucesso.

Ronaldo Guedes,
sócio da Lure Consultoria, Coordenador
do IBGC e Diretor da Acieg.