O Comitê de Finanças (ou Finance Committee) é um comitê de apoio ao Conselho de Administração. Ele não decide nada sozinho, mas mergulha fundo nos números e temas financeiros complexos para que o Conselho possa deliberar com mais clareza, segurança e velocidade.
Na prática, ele se reúne geralmente de quatro a seis vezes por ano, sempre antes das reuniões do Conselho. Suas atas e recomendações vão diretamente para este, que aprova ou ajusta. Em empresas de capital aberto, suas regras estão no regimento interno e são públicas.
Quem participa do Comitê? Normalmente três a cinco conselheiros com bagagem sólida em finanças (ex-auditores, ex-CFOs, banqueiros, gestores de fundos). Um deles preside, o CFO e o controller participam sempre, e, dependendo do assunto, chamam o auditor externo ou especialistas pontuais.
As principais pautas giram em torno de orçamentos e planos de longo prazo, política de dividendos, emissões de dívida, operações de crédito, gestão de riscos financeiros (câmbio, juros, liquidez), fusões, aquisições, estrutura ideal de capital e acompanhamento do rating de crédito.
Para o Conselho, o Comitê traduz números complexos em linguagem clara, antecipa riscos e dá conforto técnico. Assim, os conselheiros conseguem focar no que realmente importa – a estratégia – sem se perder nos detalhes operacionais.
Os executivos ganham um aliado valioso: o Comitê é um ambiente seguro para discutir projetos financeiros complexos antes da decisão final. Lá, as hipóteses são desafiadas por pessoas que já viveram situações parecidas, recebem feedback direto e independente e podem calibrar propostas, gerando apresentações mais sólidas para o Conselho.
No fim das contas, a empresa inteira ganha: decisões financeiras mais robustas, controles mais fortes, maior credibilidade com bancos e investidores e respostas mais rápidas em momentos de crise. Empresas com Comitê de Finanças ativo costumam ter custo de capital menor e valor de mercado maior. É um aliado silencioso que, de fato, vale ouro.

Ronaldo Guedes,
sócio da Lure Consultoria, Coordenador do IBGC e Diretor da Acieg.














