Por Rafael Vaz
“Vá em frente. Não desista. Persista. Às vezes não é fácil, mas o resultado vale a pena”
Em um pequeno bar improvisado dentro de um lava-rápido, em Goiânia, começou a história de um dos empreendimentos gastronômicos mais emblemáticos de Goiás. Era 1985 quando Marcelo Marquez Batista, hoje com 64 anos, decidiu vender espetinhos e bolinhos de arroz como uma forma de testar um sonho. O movimento surpreendentemente bom foi o primeiro sinal de que ele estava no caminho certo.
Mais conhecido como Marcelo Piquiras — antigo apelido que, mais tarde, se tornaria marca registrada —, ele jamais poderia imaginar que aquela “aventura” inicial daria origem ao Grupo Piquiras, hoje reconhecido pela excelência na culinária brasileira e premiado diversas vezes como o melhor da cidade em publicações nacionais.
A transição de um bar informal para uma choperia estruturada foi o primeiro grande salto. E também o primeiro grande desafio. “As pessoas estavam acostumadas com produtos mais baratos. Na choperia, a proposta era outra: atendimento diferenciado, ingredientes de qualidade, ambiente mais elaborado”, lembra. A resistência inicial do público, no entanto, foi sendo vencida com um ingrediente que Marcelo nunca deixou faltar: paixão pelo que faz.
O nome Piquiras, aliás, veio do público. O primeiro estabelecimento tinha outro nome, mas ninguém o chamava por ele. “Todo mundo dizia: ‘vamos lá no bar do Piquiras’”, conta. Até que um amigo desenhou uma logomarca e a identidade se consolidou de forma espontânea.
Começar do zero, sem capital inicial nem crédito no mercado, foi um dos maiores obstáculos da jornada. Marcelo enfrentou tudo com coragem e dedicação, apostando naquilo que sabia fazer de melhor: receber bem, tratar com atenção e servir boa comida. “O que me motivou foi justamente isso. Gosto de criar pratos, de ver as pessoas felizes com o que estão comendo. Gosto de estar presente”.
Esse gosto por estar perto se mantém até hoje. Embora o Grupo Piquiras tenha se consolidado como referência, Marcelo continua presente na rotina dos negócios. “Sou o único proprietário e quero continuar assim. Não tenho interesse em abrir sociedade nem transformar o Piquiras em franquia”, afirma com firmeza. Propostas não faltam — inclusive de empresários de Brasília e Minas Gerais —, mas ele prefere manter o controle da marca e a essência do atendimento.
O cuidado com a experiência do cliente é, segundo ele, o que sustenta a longevidade do negócio. “Temos uma equipe comprometida, trabalhamos com produtos de qualidade e mantemos a tradição de atender bem. Isso faz diferença.”
Fora do ambiente empresarial, Marcelo leva uma vida tranquila e recheada de boas histórias. Casado com Maria Alice, é pai de Gustavo e Frederico e avô de dois netos — com mais um a caminho. É também um apaixonado por motocicletas. “Quando era jovem, eu era motoqueiro mesmo. Hoje, continuo com esse espírito. Faço parte de um grupo de amigos que se reúnem para viajar e passear de moto. É um momento de descontração, de liberdade”, conta. Católico, diz que a fé sempre esteve presente em sua trajetória — tanto nos momentos difíceis quanto nas conquistas.
Ao olhar para trás, Marcelo vê a sua trajetória com orgulho. E, para quem está começando, deixa um conselho simples, mas carregado de experiência: “Vá em frente. Não desista. Persista. Às vezes não é fácil, mas o resultado vale a pena”.
“Temos uma equipe comprometida, trabalhamos com produtos de qualidade e mantemos a tradição de atender bem. Isso faz diferença.”