Pergunta do Luciano Araujo Carneiro, Sócio e CEO da Milhão Ingredients. Confira abaixo a resposta do colunista Ronaldo Guedes.
A governança eficaz de uma empresa exige um equilíbrio entre o acompanhamento dos resultados de curto prazo e a visão estratégica de longo prazo. Nesse contexto, duas pautas e dois documentos fundamentais devem estar presentes nas reuniões do conselho: a análise de balanços financeiros e o planejamento estratégico. Esses instrumentos, quando bem utilizados, garantem que o conselho tenha uma visão completa do desempenho e da direção dos negócios, promovendo decisões assertivas e a perenidade da organização.
O primeiro documento, a análise de balanços, abrange demonstrações como a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício), a DFC (Demonstração do Fluxo de Caixa) e o BP (Balanço Patrimonial), integrados ao PCO (Planejamento e Controle Orçamentário). Essa pauta é indispensável para avaliar a saúde financeira da empresa no curto prazo. A DRE revela a lucratividade, permitindo identificar margens e custos que precisam de ajustes. A DFC monitora a liquidez, essencial para a continuidade operacional, enquanto o BP oferece um retrato do patrimônio e da estrutura de capital. Já o PCO alinha essas informações ao orçamento, verificando desvios e corrigindo rotas. Sem essa análise, o conselho perde a capacidade de reagir rapidamente a problemas como queda de receita ou aumento de despesas, comprometendo os resultados imediatos.
O segundo documento, o planejamento estratégico, volta-se ao longo prazo. Ele engloba o cenário atual (análise de mercado e posicionamento), o cenário futuro (tendências e riscos), objetivos e metas estratégicas (quantitativas e qualitativas) e projetos estratégicos (iniciativas para alcançar os objetivos). Essa pauta assegura que o conselho não se limite ao presente, mas projete a sustentabilidade do negócio. Por exemplo, definir metas de expansão ou inovação mantém a empresa competitiva, enquanto projetos bem estruturados transformam intenções em ações concretas.
A análise de balanços e o planejamento estratégico são complementares: o primeiro protege o hoje, e o segundo constrói o amanhã. Ignorar qualquer um desses elementos nas reuniões do conselho é arriscar a estabilidade e a longevidade da empresa.

Ronaldo Guedes,
Sócio da Lure Consultoria, coordenador do Núcleo Centro-Oeste do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), presidente do Comitê Estratégico de Empreendedorismo da AMCHAM Goiás, presidente da Câmara Setorial de Governança Corporativa da ACIEG, autor, palestrante, professor de graduação e pós-graduação nos temas de Governança Corporativa, Planejamento Estratégico, Gestão, Controladoria e Finanças, conselheiro, mentor e consultor empresarial tendo atuado por mais de 15 anos na profissionalização e melhoria de mais de cem empresas.