Por Rafael Vaz
Fraudes financeiras representam um risco significativo no ambiente corporativo, comprometendo a estabilidade e a credibilidade das empresas. Desde o roubo de recursos até a falsificação de documentos, essas práticas ilícitas podem ocorrer em diferentes setores e níveis hierárquicos.
De acordo com um estudo recente da Serasa Experian, os setores mais afetados por tentativas de fraude em fevereiro foram bancos e cartões (50,7%), financeiro (9,7%) e varejo (3,6%). Diante desse cenário, as empresas aumentaram em 58% seus investimentos em prevenção nos últimos 12 meses, e 68% das grandes companhias declararam estar mais atentas ao problema do que no ano anterior.
Sinais no ambiente corporativo

De acordo com o consultor de empresas e professor universitário, Rondinely Leal, fraudes costumam ocorrer quando há brechas nos processos de controle. “A fraude nasce da oportunidade. Sempre que existe uma falha no sistema de controle interno, alguém pode tentar se aproveitar. Por isso, é essencial que as empresas invistam em auditoria, supervisão e na padronização de processos”, afirma.
Ele destaca que certos sinais podem indicar atividades fraudulentas. “Concentração excessiva de poderes em uma única liderança, gastos desproporcionais, investimentos elevados sem critérios de aprovação e notas fiscais sem comprovação de serviço real são indícios de que algo pode estar errado”, alerta.
Outro ponto essencial é a transparência. “Organizações que não possuem um código de conduta bem definido ou que não incentivam denúncias criam um ambiente propício para fraudes. Os colaboradores precisam sentir segurança para reportar irregularidades sem medo de retaliação”, ressalta.
As 10 fraudes mais comuns nas empresas
Dentre as principais fraudes no ambiente empresarial, destacam-se:
1.Roubo
Desvio direto de dinheiro
ou bens da empresa.
2.Apropriação indébita
Uso indevido de recursos financeiros
da organização para fins pessoais.
3.Desvio financeiro
Transferência de valores para contas pessoais ou de terceiros sem justificativa.
4.Desperdício intencional
Uso exagerado ou desnecessário de materiais e recursos para mascarar desvios.
5.Corrupção
Pagamento ou recebimento de propina
em troca de vantagens indevidas.
6.Fraudes em despesas pessoais
Uso de verbas corporativas para despesas particulares, como viagens e refeições.
7.Extravio ou falsificação de recibos
e comprovantes
Apresentação de documentos forjados
para justificar gastos.
8.Despesas não autorizadas
Aquisição de bens ou serviços sem aprovação da empresa.
9.Despesas duplicadas
Pagamentos repetidos para a mesma despesa, com ou sem intenção de fraude.
10.Despesas ocultas
Encobrimento de gastos indevidos em relatórios financeiros para dificultar auditorias.
Consequências jurídicas e medidas preventivas

Do ponto de vista jurídico, o advogado Guilherme Brito alerta que fraudes financeiras podem acarretar graves consequências civis, criminais e trabalhistas. “O funcionário responsável pode ser processado por danos materiais, enfrentar ações criminais por apropriação indébita ou estelionato, e ainda perder o emprego por justa causa”, explica.
Além disso, ele destaca que a empresa também pode ser responsabilizada se não tiver um sistema adequado de controle. “A omissão da organização pode gerar questionamentos jurídicos. Se a fraude acontece por negligência dos gestores, a empresa pode responder solidariamente pelo prejuízo”, alerta.
Brito reforça que a prevenção passa pela educação dos funcionários. “Muitas empresas criam programas de compliance, mas não treinam suas equipes. O colaborador precisa entender o que caracteriza fraude e quais são as consequências. Um bom programa não deve ser apenas um documento formal, mas sim uma cultura organizacional”, ressalta.
Para evitar fraudes, ele recomenda algumas ações essenciais, como a realização de auditorias, clareza contratual e supervisão contínua. “Departamentos financeiros e administrativos devem ser constantemente supervisionados para que todas as operações sejam legítimas.
Caso uma fraude seja detectada, o processo de apuração deve ser conduzido com rigor. “Uma investigação interna bem feita pode fornecer provas suficientes para responsabilizar os envolvidos, mas deve sempre respeitar os direitos fundamentais dos acusados. Provas obtidas de forma ilícita podem ser anuladas judicialmente”, explica Brito.
Controle e transparência
Fraudes empresariais podem trazer grandes prejuízos financeiros e danos à reputação de uma organização. Para evitá-las, é fundamental investir em controle financeiro rigoroso, auditorias regulares e programas de integridade. A implementação de um ambiente corporativo ético e transparente é essencial para garantir a segurança e a sustentabilidade do negócio.