O movimento é rápido. Os fatos, diversos. O cérebro, disperso. Vivemos em uma sociedade cansada, passiva e grosseira – atitude que denota a inconsistência e até o medo do debate.
Um dos motivos está aqui: “Um estudo publicado pela University of Southern California aponta que, diariamente, o ser humano recebe informações equivalentes ao conteúdo de 174 jornais. Este estudo indica um aumento significativo na quantidade de informação consumida pelas pessoas, comparada aos dados de há 25 anos, quando essa quantidade era de apenas duas páginas e meia.”
O volume de informações que o cidadão recebe hoje, não só de notícias, é inacreditável. É um bombardeio de redes sociais, sites, ligações, computador, televisão, elevador, outdoor, rádio, conversas pessoais, entre outros pontos de envio de mensagens. Do despertar ao adormecer, tudo o que o sujeito recebe é informação. Em sua maioria, irrelevante.
Cada vez menos ele escolhe um livro, um site, um filme… até quando lhe sobra um tempo, para sua limpeza mental, de tão cansado, ele não tem paciência para escolher ou mesmo, ler. Cansado, ou simplesmente preguiçoso de pensar, deixam que escolham por ele. Hoje, é refém de pensamentos e influências alheias. Algo tão inútil como influenciador virou profissão. São mercenários (descarados bilionários) gritando para páginas em branco, cérebros preguiçosos e confusos – que não andam sem serem influenciados. Um zumbi que precisa, cada vez mais, de inteligência artificial para tudo – por isso o sucesso absoluto dessa nova tecnologia, que por si só, já seria inovadora.
Vivemos um mundo cada vez mais rude e tendencioso, pouco autônomo, sem personalidade. O algoritmo viciado que pensa e decide, mesmo porque os “humanos” estão mais pobres de ideias e menos criativos.
O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han consegue captar bem essa leitura em seus ensaios que tratam, entre outros temas necessários e emblemáticos, da sociedade do cansaço. Segundo Han, o cansaço é uma resposta do corpo para o excesso de positividade e cobrança que a sociedade impõe. E ele não está errado.
As duas novas gerações que chegam – Z e Alpha – são exemplos disso. Sem nenhuma genialidade e muita dependência… viciadas em facilidades e incapazes de brilhar.
A edição deste sábado (24/05), é um capítulo ou um diagnóstico, que aborda o “brain rot”, conhecido também como “podridão cerebral” em português. É o ato reflexo de uma sociedade presa na armadilha do algoritmo, que provoca uma gradativa deterioração cognitiva e mental com o consumo excessivo de conteúdo online de baixa qualidade, especialmente em redes sociais. Consequência: dificuldade de concentração, memória fraca e ansiedade.
A Leitura Estratégica se propõe a isso: semanalmente, discutir, provocar, debater. Trazer para nosso universo de pessoas que pensam as consequências das escolhas que fazemos em nossas empresas, casas e sociedade. Boa leitura a todos.
Leandro Resende – editor-chefe da Revista Leitura Estratégica
Linkedin: leresende