“Que você descubra que rir é bom, mas rir de tudo é desespero”. Esse refrão, que foi cantado à exaustão pelas gerações Coca-Cola (X) e millennials (Y), parece ter sido feito como mantra, para tocar o dia todo na playlist da geração Z – que precisam redescobrir o ato de rir.
É que a curva de felicidade está se achatando nos tempos de hoje, principalmente, nos jovens com idade entre 18 e 29 anos. Acabam antecipando um pedaço da ranzinzice da meia-idade, com visível afastamento de opiniões e comportamentos das antigas gerações.
O dado é da Global Flourishing Study, realizado com 200 mil pessoas em 20 países. Os números apontam níveis historicamente baixos de bem-estar nessa nova geração – ou seja, menos felizes.
Cobrados por adultos e idosos para serem mais Ys e Xs, os Zs, a maioria, também já entraram na faixa adulta. No comparativo, essa geração relata índices mais altos de solidão, insegurança e infelicidade.
E a conta é: Menos felicidade leva a mais ansiedade; relações frágeis reduzem o senso de propósito; e tudo isso contribui para o aumento da solidão e da insegurança financeira.
Esse cenário de saúde mental tem um agravante: estão na fase que deveriam estar em seu melhor momento, alcançando liberdade e comemorando conquistas pessoais. Até dão passos nesse sentido, mas estão mais fechados, individualizados e vestindo a armadura da hiperconectividade.
Assim, conexões sociais estão longe de entrar nas prioridades. São tão fechados (em seus quartos e mundos) que até o universo da balada e das bebidas alcóolicas já registram retração, o que já causa dor de cabeça aos CEOs. Mais quarto, menos festas.
É verdade que alguns estudos apontam que a geração passada (Y) muito engajada em várias bandeiras – defesa dos animais, do meio ambiente, LGBTQIAPN+, da religião, do feminismo, dos povos originários… e tantas outras – e que apostava suas fichas em um mundo de comunidades, inserção e união, se frustrou.
Apesar do sucesso do ativismo social, os Ys tiveram, em média, baixo êxito profissional individual, com queda na renda e maior dificuldade. Entre outros métodos de comparação, a compra de imóvel ocorre com idade mais avançada, além de maior endividamento e descontrole financeiro, entre outros exemplos considerados. E, mesmo assim, são mais felizes que os Zs.
Um detalhe: a geração Z, nativos de internet e assumindo as boas vagas tecnológicas, já é, a melhor remunerada entre todas outras gerações quando se comparam os ganhos médios dos Ys e Xs quando estavam nesta faixa de idade.
Ou seja, o dinheiro a mais ainda não trouxe a tal felicidade.
Leandro Resende – editor-chefe da Revista Leitura Estratégica
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