O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgou recentemente, através da carta de conjuntura número 67, nota de conjuntura 1, 2º trimestre de 2025, a estimativa preliminar do resultado primário do governo central em março de 2025, encerrando o 1º trimestre de 2025.
As receitas apresentaram crescimento real de 2,7% em relação ao mesmo período de 2024, confirmando redução do crescimento ocorrido durante o ano de 2024 em relação a 2023, que foi da ordem de 9%. Portanto, a tendência apresentada no 1º trimestre é de um crescimento em torno de 2% a 3% em relação a 2024. Quanto às despesas, houve um decréscimo real de 3,6% em relação a 2024, maior do que o decréscimo de 2024 em relação a 2023, que foi da ordem 0,6%. Apresentando uma tendência de redução de gastos maior do que o ocorrido em 2024.
Conjugando as receitas e despesas do 1º trimestre de 2025, o governo central apresentou superávit primário de R$ 56,1 bilhões, contra R$ 22,0 bilhões do mesmo período de 2024. O superávit primário do trimestre de 2025 corresponde a 0,47% do PIB.
Diante desse cenário, com dados reais do 1º trimestre, já é possível analisar a tendência para o ano e analisar se o governo vai ou não cumprir a meta fiscal de resultado primário zero em 2025. O resultado primário do 1º trimestre de 2025 foi quase 3 vezes mais do que o realizado no mesmo período de 2024. É plausível projetar que o governo possa atingir o seu objetivo em 2025, da mesma forma que atingiu no ano de 2024.
A grande celeuma atual do Brasil não são os dados reais apurados. É notório que a grande imprensa não divulga os resultados alcançados, mas, por outro lado, essa mesma imprensa valoriza em demasia as projeções do mercado financeiro para a economia brasileira. Projeções, diga-se, de passagem, totalmente enviesadas ideologicamente a favor dos detentores da dívida pública.
Recorrendo aos dados reais apurados, em 2024, próximo desse período atual, mais precisamente dia 12 de abril de 2024, o relatório Focus apresentava as seguintes projeções para o ano de 2024: resultado primário deficitário de 0,70% do PIB e dívida líquida do setor público de 63,77% do PIB.
Finalizado o ano e apurado os resultados reais, o déficit primário fiscal foi de -0,09% do PIB, praticamente zero, e a dívida líquida do setor público foi de 61,5% do PIB. Pode-se perceber o tamanho da disparidade entre a projeção do mercado financeiro e os resultados reais.
E agora, no dia 11 de abril de 2025, o mesmo relatório Focus apresenta as seguintes projeções para 2025: déficit fiscal primário de 0,60% do PIB e dívida líquida de 65,80% do PIB.
Temos então, um superávit realizado no 1º trimestre de 0,47% do PIB; uma previsão do governo de um resultado primário zero e uma projeção do mercado financeiro de um déficit de 0,60% do PIB. Tudo indica que, mais uma vez, o mercado financeiro vai errar grosseiramente as suas projeções. Por que isso? São incompetentes? Fica para reflexão futura.

Marcos Freitas,
doutorando em Turismo, mestre em Finanças, economista e sócio-fundador da AM Investimentos.