O planejamento estratégico é fundamental para a governança corporativa, atuando como o roteiro que orienta decisões e aloca recursos de forma eficiente. Para executivos de alta direção, ele representa não apenas uma ferramenta operacional, mas o mecanismo que assegura a sustentabilidade e o crescimento da organização em um ambiente volátil. Sem esse planejamento, as estratégias correm o risco de se basear em intuições isoladas, comprometendo a competitividade de longo prazo.
O processo deve iniciar e concluir no Conselho de Administração ou Consultivo. Essa premissa reflete o papel estratégico do conselho, que, com sua perspectiva independente e holística, define a visão de futuro, as diretrizes principais e os objetivos macro. Para conselheiros e CEOs, isso significa estabelecer as fundações que guiam toda a estrutura organizacional, priorizando o alinhamento com os interesses dos acionistas e stakeholders.
Com essas diretrizes estabelecidas, a gestão executiva prossegue para a elaboração do planejamento estratégico e orçamentário detalhado. Aqui, os objetivos amplos se traduzem em metas mensuráveis e iniciativas específicas. A abordagem deve ser balanceada, sistêmica e integrada, garantindo que as ações sejam coerentes e evitem fragmentações que diluem o impacto geral.
O planejamento abrange todas as dimensões essenciais da empresa, como um quebra cabeça que deve contemplar todas suas peças. Inclui o financeiro para a gestão de recursos; o comercial e o marketing para a geração de receitas; o relacionamento com clientes para a retenção; a operação para a otimização de processos; a inovação para a vantagem competitiva; o RH para o desenvolvimento de talentos; e a TI para a suporte digital. Cada área contribui para o equilíbrio global.
O propósito final é assegurar performance e perenidade. Isso se materializa no sucesso compartilhado: retornos consistentes para acionistas, satisfação e lealdade de clientes, engajamento da equipe, parcerias sólidas e contribuições positivas à sociedade. Para diretores e empresários, é a essência da governança responsável, que transcende o curto prazo.
Uma vez construído pela gestão, o plano retorna ao conselho para análise criteriosa. Essa etapa envolve uma revisão aprofundada, com contribuições ativas dos conselheiros por meio de sugestões e ajustes necessários. O foco é validar o alinhamento com a visão inicial, mitigando riscos e aprimorando a robustez, antes da aprovação final.
Esse ciclo tipicamente ocorre no quarto trimestre, iniciando em setembro com as discussões iniciais, e finalizando em dezembro, alinhado ao novo exercício fiscal. Para conselhos e executivos, adotar essa disciplina fortalece a governança e impulsiona resultados sustentáveis, posicionando a empresa para desafios futuros com confiança estratégica.

Ronaldo Guedes,
sócio da Lure Consultoria, Coordenador do IBGC e Diretor da Acieg.














