Por: Rafael Vaz
“Quero ressaltar cada vez mais o nome de Goiás no cenário nacional e contribuir para que o Brasil siga como um País que respeita a memória, os direitos e a diversidade de sua gente”
A trajetória do promotor de Justiça Jales Guedes Coelho Mendonça é a prova de que é possível conciliar, com profundidade e compromisso, o rigor técnico do Direito com a sensibilidade das Ciências Humanas. Graduado em Direito pela Faculdade Anhanguera (Uni-Anhanguera) em 1996, com especialização em Direito Administrativo, ele construiu uma carreira sólida no Ministério Público de Goiás, onde atua há 26 anos. Ao mesmo tempo, trilhou um caminho notável na pesquisa histórica: é mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2008) e doutor pela Universidade Federal de Goiás (2012).
Antes mesmo da escolha pelo Direito, o interesse pela História já se fazia presente. Jales cursou três anos de Ciências Sociais, ainda no início da vida acadêmica, de forma simultânea à graduação em Direito. “O interesse pela História e pela preservação da memória nacional veio antes da atuação jurídica. Sempre tive esse desejo de compreender as estruturas sociais e políticas que moldaram nosso Estado e nosso país”, explica.
Hoje, esse olhar se reflete na atuação intelectual e institucional. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG) e sócio-correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), entidade cultural mais antiga do Brasil, fundada em 1838, Jales se une a nomes históricos como Leopoldo de Bulhões, Colemar Natal e Silva e José Mendonça Teles, únicos goianos até então a integrarem o IHGB. “É uma responsabilidade muito grande. Quero entregar um trabalho produtivo para Goiás, conectando nosso Estado à principal entidade de preservação histórica e cultural do Brasil”, diz.
Essa dedicação à memória coletiva também se traduziu em ações concretas no Ministério Público. Uma das mais simbólicas foi o pedido de tombamento da Ponte Afonso Pena, que liga os estados de Goiás e Minas Gerais, feito por ele em 2005. O reconhecimento veio cinco anos depois. “Talvez esse seja meu maior legado na preservação do patrimônio histórico. É uma conquista que me orgulha muito”, afirma.

A experiência no MP, sobretudo nas comarcas do interior, também rendeu importantes reflexões e publicações. Jales é autor de diversos livros, entre eles A Assembleia Constituinte Goiana de 1935 e o Mudancismo Condicionado (2008), A Invenção de Goiânia: o outro lado da mudança (2013), O MP na comarca: exército de um homem só (2018) e Os 50 concursos do MPGO (1948-2018) (2019). Em todos eles, o que se vê é o esforço por compreender e documentar as nuances da história política e institucional do Estado, com especial ênfase na construção da cidadania e no papel das instituições públicas.
Com vasta experiência na área do Direito, especialmente no campo ambiental, Jales tem como marca o trabalho técnico aliado a uma visão ampla do papel do Ministério Público na sociedade. Mas, para além do cargo e das publicações, ele destaca como momentos mais marcantes da vida o nascimento dos filhos Tales, de 17 anos, e Melissa, de 14. Casado com Iara, define a família como base e força motriz de sua trajetória.
Ao projetar o futuro, o promotor vê sua atuação como um instrumento de valorização do Estado de Goiás e da consolidação da democracia brasileira. “Quero ressaltar cada vez mais o nome de Goiás no cenário nacional e contribuir para que o Brasil siga como um País que respeita a memória, os direitos e a diversidade de sua gente. A luta pela democracia deve ser cotidiana. É isso que me move”, finaliza.