Por anos, ouvi empresários repetirem a mesma frase: “meu problema é gente”. Contratações erradas, rotatividade alta, líderes que não conseguem engajar times… todos sintomas de algo maior: a incapacidade de olhar para a área de pessoas como estratégica.
Enquanto vendas, marketing e finanças recebem planos, metas e indicadores, a gestão de pessoas ainda é tratada, em muitas empresas, como “departamento de apoio”. É como tentar correr uma maratona sem treinar as pernas: você pode até começar, mas não vai chegar longe.
A verdade é que nenhum negócio escala sem método para contratar, desenvolver e engajar as pessoas certas. A empresa que vê gente como custo vai sempre pagar a conta mais cara: desperdício de tempo, de dinheiro e de energia. Já a empresa que enxerga pessoas como investimento constrói crescimento sustentável, porque garante consistência de entrega e clareza para o futuro.
É aí que entra a necessidade de repensar a forma como líderes e empresários lidam com o tema. A gestão de pessoas não é sobre “cuidar do clima” ou “resolver conflitos”. É sobre garantir que cada contratação traga retorno, que cada time entregue resultado e que cada líder saiba direcionar. É sobre colocar métricas, indicadores e responsabilidade naquilo que mais impacta o negócio: gente.
Não à toa, as maiores empresas do mundo já entenderam que a sua cultura e o seu modelo de gestão são ativos estratégicos. A Disney não cresceu apenas por causa dos parques. O iFood não escalou apenas pelo aplicativo. O que sustenta essas marcas é a capacidade de atrair, engajar e reter pessoas certas, alinhadas ao propósito e à execução.
Empresários como Lásaro do Carmo são prova viva de que não existe crescimento sem gente preparada. Sua trajetória de décadas no mercado brasileiro mostra que o investimento em liderança e cultura organizacional é determinante para atravessar ciclos econômicos, reinventar negócios e criar empresas de impacto.
Infelizmente, ainda estamos presos a velhos hábitos: entrevistas baseadas em “achismo”, líderes promovidos sem preparo e a famosa prática de contratar pela simpatia. Esse modelo não se sustenta mais. O mercado mudou, os clientes mudaram, e as pessoas dentro das empresas também mudaram.
É por isso que defendo que a gestão de pessoas é o próximo divisor de águas para os negócios brasileiros. Quem não assumir essa pauta de forma estratégica, continuará travado na operação, sem tempo para pensar no futuro. Já quem tiver coragem de virar a chave, vai enxergar resultados no caixa e na cultura ao mesmo tempo.
No fim, a pergunta que fica é simples: você vai continuar tratando gente como problema ou vai transformar a sua área de pessoas em protagonista do crescimento?

Marcela Zaidem,
Fundadora da CNP People Solutions, especialista em cultura e liderança