Em um ambiente econômico competitivo, a busca por fontes de financiamento estruturadas tornou-se prioridade para companhias brasileiras. Nesse cenário, a emissão de debêntures se consolida como uma alternativa estratégica para captação de recursos — oferecendo flexibilidade, visibilidade e condições customizáveis para empresas de diversos setores.
O que são debêntures?
São títulos de dívida emitidos por sociedades anônimas de capital fechado ou aberto, representando uma promessa de pagamento ao investidor, com remuneração prefixada ou pós-fixada. Servem para financiar projetos, alongar o perfil da dívida ou reforçar o capital de giro.
Quando emitir debêntures
Já acompanhei empresas captarem, em uma única emissão, valores superiores ao seu faturamento anual. Isso evidencia o potencial desse instrumento para grandes captações. O momento certo depende do cenário macroeconômico (juros, inflação, liquidez), da necessidade de capital (expansão, investimento, reestruturação) e da situação financeira da empresa (solidez e previsibilidade).
Perfil das empresas aptas à emissão
Embora as debêntures estejam disponíveis a qualquer Sociedade Anônima (S.A.), algumas características aumentam as chances de sucesso:
- Porte relevante: Empresas com receitas acima de R$ 200 milhões por ano e estrutura organizacional robusta são mais atrativas para investidores institucionais.
- Governança corporativa consolidada: Práticas de transparência, auditoria externa, controles internos e conselhos ativos aumentam a credibilidade e reduzem o risco percebido.
- Geração de caixa previsível: Modelos de negócio com fluxos de caixa estáveis e margens consistentes aumentam a segurança da operação.
- Histórico de relacionamento com o mercado de capitais: Empresas já conhecidas por investidores costumam ter condições mais favoráveis.
Características das debêntures
As debêntures são versáteis e permitem diferentes estruturas:
- Prazo: Normalmente entre quatro e dez anos, ou conforme o projeto a ser financiado.
- Remuneração: Pode ser prefixada, pós-fixada (CDI, IPCA, IGP-M) ou híbrida.
- Tipos de garantia:
– Quirografária: Sem garantia real, baseada apenas na confiança e balanço da empresa;
– Com garantia real: Ativos específicos são dados em garantia;
– Flutuante: Lastreada em recebíveis ou ativos rotativos;
– Subordinada: Recebem após outras dívidas;
– Subordinada júnior/sênior: Definem prioridades entre os próprios investidores.
- Debêntures incentivadas: Emitidas por empresas dos setores de infraestrutura ou agro, contam com isenção de IR para pessoas físicas, aumentando a atratividade.
Pré-requisitos para emissão
Apenas Sociedades Anônimas podem emitir debêntures, conforme a Lei 6.404/76. Empresas LTDA podem se transformar em S.A. mesmo com faturamento inferior a R$ 50 milhões/ano. Emissões públicas exigem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e envolvem auditoria, rating e estruturação por casas especializadas, como a Lure Capital.
Conclusão
A emissão de debêntures é uma decisão estratégica. Seu sucesso depende do alinhamento entre planejamento financeiro, governança e posicionamento no mercado. Com transparência e disciplina, esse instrumento pode alavancar o crescimento sustentável da companhia.

Maicon Farina
Sócio-diretor da Lure Capital, administrador pela PUC-GO e especializações como Executivo-financeiro (FGV-SP), Estratégia (FDC-MG) e de Conselheiro de Administração (IBGC).