Por Karine Rodrigues
A trajetória de Edson Cândido, 43 anos, é marcada por transformações, escolhas conscientes e pela convicção de que comunicar bem é mais do que falar: é construir sentido para quem escuta. Goiano de nascimento e formação, Edson cresceu em Goiânia, em uma família simples – filho de um serralheiro e de uma professora –, e desde cedo teve a educação como referência central em sua vida.
Ainda criança, sua mãe, sem ter com quem deixá-lo, o levava diariamente para a escola. A convivência precoce no ambiente escolar fez com que ele aprendesse a ler e escrever antes mesmo da idade regular. Fez o pré-escolar três vezes, até que a direção decidiu encaminhá-lo direto para a segunda série. A base educacional, herdada da mãe, moldou não apenas sua relação com o aprendizado, mas também sua maneira de enxergar o mundo.
A descoberta da comunicação
A carreira profissional de Edson começou no setor de telecomunicações, em um momento de grande transformação no mercado brasileiro. Ingressou na antiga Tele Centro-Oeste/Norte, empresa que se tornaria Brasil Telecom e, posteriormente, Oi. Com a expansão da telefonia celular e a consolidação de marcas como Vivo, Tim e Claro, transferiu-se para o interior paulista, em São José dos Campos, onde aprofundou a sua experiência na área.
Foi então que recebeu um convite inesperado: trabalhar no Rio Quente Resorts, em Goiás, numa função ainda pouco difundida no País — a de fidelização de clientes. Com pouco mais de uma década de existência no Brasil, esse segmento unia relacionamento, pós-venda e experiência do consumidor. “Foi ali que percebi meu grande diferencial: olhar a jornada do cliente de forma integrada”, recorda.
A mudança marcou também um redirecionamento de carreira. Embora tenha iniciado os estudos em Ciências da Computação, Edson logo percebeu que não queria seguir o caminho da programação. O gosto pela comunicação, presente desde a infância, ganhou espaço. Na época, o curso de Relações Públicas ainda era associado à organização de eventos, mas ele enxergou ali uma oportunidade de unir gestão e comunicação de maneira estratégica. “É como se fosse uma administração de negócios, mas aplicada à comunicação”, explica.
Apesar de se definir como introspectivo e de perfil “low profile”, Edson foi lapidando a capacidade de se comunicar. Ele acredita que o domínio da didática e do storytelling é resultado de técnica, estudo e repertório. “As pessoas dizem que eu construo mensagens muito bem, mas isso não é dom, é aprendizado. A mensagem precisa ter começo, meio e fim. Mais do que isso, ela pertence a quem ouve, não a quem fala”, defende.
Essa visão é hoje sua marca registrada no comando de equipes de marketing e vendas da Aviva, grupo responsável por destinos turísticos como Rio Quente Resorts e Costa do Sauípe. Há quase 12 anos na empresa, ele tem a responsabilidade de liderar projetos em meio a um cenário em que ética, governança e sustentabilidade são exigências cada vez mais visíveis — e mais cobradas.
Vida pessoal e novos aprendizados
Por trás do executivo acostumado a lidar com grandes públicos, há um homem tranquilo, que prefere observar antes de se posicionar. “Em casa, sou mais quieto, mais tímido. Escuto mais do que falo”, admite.
Essa faceta reservada, no entanto, não o impediu de aceitar desafios inusitados. Em um evento corporativo, recebeu a missão de cantar em francês diante de centenas de pessoas. O susto inicial se transformou em aprendizado: contratou uma professora, ensaiou durante o carnaval e subiu ao palco. “A partir daí, comecei a estudar música como hobby. Descobri técnicas de respiração, expressão corporal e passei a ver a música como forma de autoconhecimento”, conta, rindo ao reforçar que jamais aceitaria ser chamado para cantar profissionalmente.
Fora do ambiente corporativo, Edson valoriza o convívio com a família. Para ele, o maior luxo da vida hoje é ter tempo: para os amigos, para os parentes e para si mesmo. Muitos de seus sobrinhos e primos seguiram a área da comunicação e do turismo, formando, como ele descreve, uma “família de marketing”. “É muito gratificante abrir portas, apresentar pessoas e estimular novas experiências. Quando a gente muda a nossa comunidade, já está mudando o mundo”, afirma.
Ética e legado
Com uma carreira consolidada e marcada pela ascensão gradual, de analista a gerente geral, Edson hoje reflete sobre o papel do executivo em um mundo hiperconectado. Para ele, a imagem do profissional está intrinsecamente ligada à da empresa que representa, especialmente em tempos de redes sociais. Isso amplia a responsabilidade em temas como sustentabilidade, governança e impacto social.
“Não tem como separar carreira de responsabilidade. Se você consegue mudar a comunidade ao seu redor, já está transformando o futuro de outras pessoas. Esse é um legado que não se constrói sozinho, mas com ética e consciência”, diz.
Entre conquistas profissionais e pessoais, Edson guarda como maior referência a memória da mãe, falecida quando ele ainda era jovem. “Convivi com ela apenas 20 anos, mas tive o privilégio de aprender tudo o que carrego até hoje. Foi ela quem me deu a base educacional, os valores e a visão de mundo que moldaram minha vida.”