Nos últimos anos, o debate sobre a jornada de trabalho tem ganhado cada vez mais destaque. Uma proposta que tem se mostrado promissora é a implementação da semana de trabalho de quatro dias, que, de acordo com a pesquisa publicada na Nature Human Behaviour (21/07/2025), apresenta benefícios significativos tanto para os funcionários quanto para os empregadores. É hora de considerar seriamente essa mudança em nosso País.
O estudo acompanhou 2.896 trabalhadores em 141 empresas da Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia, Reino Unido e EUA, que adotaram a jornada de quatro dias sem redução salarial. Os resultados foram surpreendentes: houve uma melhoria considerável no bem-estar dos funcionários, com diminuição do burnout, aumento da satisfação no trabalho e melhorias na saúde mental e física. Este ponto é crucial, especialmente em um Brasil onde o estresse laboral é uma realidade cotidiana para muitos.
Além dos benefícios para os trabalhadores, as empresas também relataram um aumento na produtividade. A redução das horas trabalhadas proporcionou um maior engajamento e foco durante o período de trabalho. Em média, as empresas que implementaram essa nova abordagem aumentaram sua força de trabalho em 20%, mostrando que, mesmo com mais funcionários, os lucros cresceram. Isso refuta a ideia comum de que menos horas significam menor produtividade, destacando que, ao trabalhar de forma mais inteligente, as empresas podem prosperar.
No contexto brasileiro, no qual a cultura de excesso de horas trabalhadas muitas vezes é valorizada, é fundamental mudar essa mentalidade. A introdução da semana de quatro dias poderia não apenas melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também contribuir para a construção de uma força de trabalho mais saudável e motivada, essencial para enfrentar os desafios econômicos e sociais atuais.
A implementação desse sistema no Brasil, através da PEC 08/2025, de autoria da deputada federal Erika Hilton e outros, também pode ser uma resposta à competitividade mundial. À medida que o mercado global se ajusta a novas dinâmicas laborais, a adoção de práticas mais flexíveis e modernas pode posicionar o Brasil como um líder em bem-estar no trabalho. A redução da jornada de trabalho pode se tornar um diferencial competitivo para empresas que buscam atrair e reter talentos.
É importante destacar que a transição para uma semana de trabalho de quatro dias deve ser bem planejada, considerando as particularidades de cada setor e empresa. Porém, com a experiência de outros países e os dados positivos apresentados, o Brasil tem uma oportunidade ímpar de liderar essa mudança necessária.
Em conclusão, a semana de trabalho de quatro dias representa uma evolução no conceito de trabalho que beneficia não apenas os funcionários, mas também as empresas e a economia como um todo. O desemprego e o trabalho similar ao “trabalho escravo”, denunciado com frequência, ainda assustam a economia e o povo brasileiro.

Marcos Freitas,
doutorando em Turismo, mestre em Finanças, economista e sócio-fundador da AM Investimentos.