O Brasil viveu, nas últimas décadas, ciclos de avanços e retrocessos que evidenciam como a instabilidade política e econômica compromete o desenvolvimento nacional. Entre 2010 e 2014, o País experimentou crescimento econômico, redução da pobreza e expansão de políticas sociais. Contudo, a recessão de 2015–2016, somada ao impeachment de 2016 e à crise pandêmica de 2020–2022, resultou em queda da renda domiciliar, aumento da fome e crescimento da população em situação de rua.
A crise econômica impacta diretamente o cidadão brasileiro: desemprego elevado, precarização do trabalho e cortes em políticas sociais ampliaram desigualdades. Além disso, a insegurança alimentar voltou a níveis alarmantes, com milhões de brasileiros sem acesso regular a alimentos.
Outro fator que compromete o desenvolvimento é a violência estrutural. O Brasil registra taxas de homicídio entre as mais altas do mundo, agravadas pela expansão das milícias e do tráfico de drogas, que corroem instituições e ampliam a insegurança. Essa realidade afeta diretamente a produtividade econômica, pois gera custos elevados em saúde, segurança e perda de capital humano.
A falta de infraestrutura também limita o crescimento. Cortes em investimentos públicos, como os decorrentes da Emenda Constitucional 95 (Teto de Gastos), reduziram a capacidade do Estado de expandir transporte, saneamento e energia. Sem infraestrutura adequada, empresas enfrentam dificuldades logísticas, e cidadãos convivem com serviços precários, o que perpetua desigualdades regionais.
A instabilidade política, marcada por polarização extrema, dificulta a formulação de políticas de longo prazo. O ambiente de conflito permanente entre grupos ideológicos impede a construção de consensos necessários para enfrentar problemas estruturais. Como apontam análises acadêmicas, o Brasil precisa de estabilidade institucional para garantir segurança jurídica, atrair investimentos e fortalecer políticas públicas voltadas ao bem coletivo.
O processo eleitoral de 2026 pode ser uma oportunidade única para o Brasil, porque, além de definir novos rumos políticos, abre espaço para debates sobre consensos nacionais que ultrapassem a polarização. Eleições não são apenas disputas de poder, mas momentos de reflexão coletiva sobre prioridades com a construção de consensos: partidos e candidatos podem apresentar propostas que busquem convergência em temas estruturais — como segurança pública, educação, saúde e infraestrutura — em vez de apenas reforçar divisões ideológicas; avanços sustentáveis: ao priorizar políticas de longo prazo, o País pode atrair investimentos, fortalecer instituições e reduzir desigualdades; estabilidade democrática: eleições transparentes e participativas reforçam a confiança da sociedade nas instituições, condição essencial para estabilidade política e econômica; superação da polarização: o processo eleitoral pode estimular diálogo entre diferentes setores, valorizando soluções pragmáticas e inclusivas.
Assim, 2026 não deve ser visto apenas como uma escolha de governantes, mas como um ponto de inflexão para consolidar uma agenda nacional que garanta desenvolvimento sustentável e qualidade de vida para os cidadãos. O desenvolvimento sustentável do Brasil depende de estabilidade política, econômica e social, capaz de reduzir desigualdades, combater a violência e ampliar infraestrutura. Sem superar a polarização, o País continuará preso a ciclos de crise e retrocesso.

Juscimar Ribeiro,
Advogado especialista em Direito Administrativo e Direito Constitucional.














