Texto: Rafael Mesquita.
A Fonte do Paladar era uma tradicional lanchonete no Centro de Goiânia. Começou no antigo Mercado Central, hoje Parthenon Center. Depois, teve unidades na Avenida Anhanguera, Rua 3 e Rua 8. No final da década de 1960 e em meados dos anos 1970, era difícil passar pela região e não saborear as vitaminas de frutas, sucos e salgados do estabelecimento do Seu Antônio Felipe da Costa, já falecido.
Quando tinha apenas 10 anos de idade, Paulo Roberto da Costa já ajudava o pai nas vendas. Ficava no caixa, trabalhando e aprendendo como funcionava o mundo dos negócios. “Meu espírito empreendedor veio daí”, acredita. Mas o dom do então jovem garoto para a vida empresarial despontou antes. O pai tinha uma chácara em Trindade; ele trazia as frutas de lá e vendia pela vizinhança. Boa parte do dinheiro era investida. “Aos meus 6 anos, papai abriu uma caderneta de poupança na Caixa Econômica Federal em meu nome”, recorda.
Em 1976, a família decide vender a lanchonete, após tantos anos de sucesso. Havia chegado o momento de mudar de ramo. Era preciso investir em algo que tivesse um bom potencial de crescimento para o futuro. “Hoje até penso diferente, porque poderia ter iniciado com franquias da nossa lanchonete que era tão conhecida”, admite.
Foram seis meses sabáticos após a venda. O Seu Antônio já estava atuando com foco na criação de gado em uma fazenda que havia adquirido no sul do Pará. Paulo Roberto, na época com 24 anos, começou a estudar vários negócios e escolheu o mercado imobiliário. “O que mais me fez ir para esse setor é a característica da própria cidade de Goiânia, que é fruto de um projeto imobiliário de Pedro Ludovico”, explica. Antes da inauguração da capital, o fundador da cidade vendeu vários terrenos no município, principalmente para compradores de outros estados, com o objetivo de custear a construção de Goiânia.
Nascia a Tropical Imóveis, uma imobiliária de intermediação (entre compradores e vendedores) e que também atuava com compra e venda de lotes originários de Goiânia. “Ia aos cartórios, achava os proprietários, comprava os lotes e os revendia, o que dava uma boa margem de lucro já no início do negócio”, afirma Paulo, que, a partir dali se tornou popularmente conhecido como “Paulim da Tropical”. Ele e o pai foram os primeiros sócios do empreendimento, posteriormente o irmão mais novo, Antônio Carlos da Costa, foi inserido na sociedade.
Poucos anos após a inauguração, a empresa iniciou ainda a atividade de compra e venda de linhas telefônicas. “Foi um negócio que nos ajudou muito no crescimento. Comprávamos as linhas à vista e vendíamos à prazo, com bom ganho nos juros”, explica.
A Tropical ainda realizou a compra de um loteamento na Vila Galvão, em Senador Canedo. A iniciativa despertou o interesse em investir nessa área. “Um primo e eu compramos o empreendimento. A partir daí, decidimos negociar loteamentos, como o Jardim Santa Luzia, em Aparecida de Goiânia e, pouco depois, aárea do Residencial Eldorado, onde fizemos um bairro vertical planejado em Goiânia”, afirma.
Pioneirismo em condomínios horizontais
Com o sucesso do Residencial Eldorado, a Tropical decidiu investir mais na região sudoeste de Goiânia. “Percebemos que, em Goiânia, havia uma carência de condomínios horizontais. Viajamos para São Paulo e Estados Unidos e conhecemos esse modelo de moradia por lá”, recorda. A partir da experiência em outros locais, a empresa decide fazer, com outros parceiros, o Granville, na própria região sudoeste da capital, e o Aldeia do Vale, na região leste, considerado o primeiro condomínio horizontal da cidade.

Ainda em 1995, Paulo Roberto e um grupo de investidores compraram o local em que hoje é o Residencial Aldeia do Vale. Foram adquiridas três áreas, que pertenciam a um judeu, um alemão e um armênio. Já havia a aprovação da Prefeitura para que o espaço fosse sítio de lazer, mas os parceiros conseguiram transformá-lo em condomínio horizontal. “Quando lançamos, em 1997, houve um certo preconceito por ser a região leste de Goiânia, considerada periférica. Mas eu tinha convicção de que aquilo daria certo. Foi água mole em pedra dura”, brinca.

Paulo tinha razão. O Residencial Aldeia do Vale se tornou um condomínio de luxo consolidado em Goiânia, famoso por atrair celebridades, políticos e empresários. Conhecido pela infraestrutura completa de lazer e segurança, oferecendo serviços de clube, heliponto e centro comercial, sendo um dos mais desejados da capital.
Empreendimentos verticais
O Setor Goiânia 2 é um bairro que começou com a famosa construtora Encol. Com a falência da empresa, houve interesse na construção de condomínios verticais na região. A Tropical comprou loteamentos no local no início dos anos 2000. “Já construímos vários apartamentos e ainda vemos potencial para pelo menos mais 2500 no bairro”.
O Grupo Tropical fez e doou à Prefeitura o parque Leolidio de Ramos Caiado, uma referência ambiental na região. No local, mais investimentos virão. “Vamos fazer com um grupo empreendedor um shopping gastronômico e de entretenimento em frente ao parque”, explica.

O Eldorado Parque, no Parque Oeste Industrial, em Goiânia, foi outra obra com concepção ambiental construída pelo grupo. O espaço verde está no mesmo lugar em que ocorreu a maior ocupação urbana de Goiás e uma das maiores do Brasil no início deste século. “Já fizemos 2800 apartamentos na região e ainda vamos construir, juntamente com parceiros, como a Dinâmica Incorporadora e a Engel Engenharia, mais 2500”, ressalta.
Um dos maiores orgulhos de Paulo Roberto foi o Grupo Tropical ter feito, em parceria com a FR Incorooradora, GVC Engenharia e Joule Engenharia, um dos maiores prédios de Goiânia, o Órion Business & Health Complex, localizado na Avenida Portugal, no Setor Marista.
“Demorou 4 anos para concluirmos a obra. Trouxemos shopping, clínicas e lojas para o local. Além do Hospital Israelita Albert Einstein, uma unidade que mexeu com a concorrência e aumentou o sarrafo do serviço de saúde em Goiânia”, orgulha-se.
Tanto sucesso no mercado imobiliário, mas o que realmente o orgulha é perceber que contribuiu para transformar a realidade da capital e da vida de muitos goianienses. “O que mais dá prazer ao empreendedor é ver a sua obra realizada e as pessoas felizes naquele espaço”, avalia. O êxito financeiro é importante, mas vem acompanhado de outros ingredientes. “Se o negócio não der lucro, não conseguimos seguir adiante. Mesmo assim, o dinheiro é apenas a consequência do sucesso e da qualidade de vida que conseguimos levar às famílias”, acredita.
Consolidação da marca Aldeia
O sucesso do nome do condomínio horizontal em Goiânia fez o grupo criar, há seis anos, o Aldeia Casa e Natureza, marca com foco ambiental destinada à construção de empreendimentos de segunda moradia (condomínios de sítio de lazer). O primeiro foi o Ecovilla Santa Branca, em Terezópolis de Goiás. Foi escolhido um local que originalmente era uma pastagem, onde foram plantadas mais de 150 mil mudas de árvores nativas e frutíferas. Elas estão nas áreas comuns do projeto, constituindo cerca de 50% do condomínio.

Na sequência, foram lançados o Águas da Serra (Hidrolândia ) , Aldeia do Parque (Aparecida de Goiânia) , Aldeia Santo Antônio (Santo Antônio de Goiás). O mais recente é o Aldeia do Vale Pirenópolis, com terrenos de até 1200 metros quadrados e apenas 152 unidades disponíveis, a cinco minutos da Igreja Matriz. “O produto vai evoluindo, os anseios vão mudando. Cada dia mais, se exige sofisticação. Mas antes de ser moda, já tínhamos a preocupação ambiental aliada a segurança e qualidade de vida”, ressalta.
Negócio de irmãos, pescaria e família
Os irmãos Costa são a alma do Grupo Tropical. As duas irmãs de Paulo, Maria Luci e Elizabeth Cristina, também participam ativamente dos negócios. A primeira é arquiteta e autora de vários projetos de empreendimentos imobiliários da empresa. A segunda é psicóloga e responsável pelos recursos humanos, além da área administrativa. Cada uma delas tem uma holding que está na sociedade de todos os projetos do grupo.

A Tropical tem duas plataformas de desenvolvimento de empreendimentos. A primeira é a Beta, empresa liderada por Antônio Carlos, irmão de Paulo, com seus dois filhos e esposa. A segunda é a Raiz Urbana, comandada por Paulo com seus filhos Leandro e Andreia, além da esposa, Lucinha Daher.
“Há 15 anos, o grupo começou o processo de sucessão com a chegada da segunda geração de filhos e sobrinhos, em que cada núcleo familiar fez uma holding própria”, explica.
Na hora do descanso, a companhia de Paulo também é a família. Além dos irmãos, esposa e filhos, os cinco netos também participam da diversão em Luiz Alves (GO), às margens do Rio Araguaia. “A gente vai duas vezes por ano para lá. Nosso hobby é pescar. Somos uma família de bons pescadores”, brinca.














