Por Rafael Vaz
O Texas, maior estado continental dos Estados Unidos, é muito mais do que um território vasto, com 695.621 km² que englobam praias, florestas, desertos e metrópoles como Houston e Dallas. Com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 2,5 trilhões em 2022, o estado supera economias de países como Itália, Canadá, Coreia do Sul e até o Brasil, tornando-se a nona maior economia do mundo. Para Goiás, o Texas representa uma oportunidade estratégica de expansão econômica, inovação tecnológica e consolidação de parcerias internacionais, permitindo que empresas locais se conectem a um mercado dinâmico e altamente competitivo.
O Encontro Empresarial Texas-Goiás, realizado na última quarta-feira, 8, reuniu líderes, empresários e autoridades para discutir as promissoras oportunidades de negócios entre os dois territórios. O evento trouxe ao palco o presidente da Câmara Texana de Comércio no Brasil, Max Paul, o vereador de Arlington Maurício Galante, a cônsul honorária do Brasil no Sul do Texas, Cynthia Gutierrez, o secretário de Indústria, Comércio e Serviços de Goiás, Joel Sant’Anna, entre outros especialistas.
Mais do que um debate, o encontro marcou o lançamento da Missão Empresarial Goiás-Texas, uma agenda estratégica que levará empresários goianos às principais cidades texanas, promovendo intercâmbio tecnológico, comercial e institucional.

Segundo Max Paul, o Texas é um ambiente propício para negócios por combinar tamanho, inovação e um sistema regulatório flexível. “O Texas não é apenas um estado; é uma economia que compete em escala global. A diversidade econômica – energia, tecnologia, manufatura avançada – e a desregulamentação permitem que empresas façam negócios de forma ágil e estratégica. Aqui, as oportunidades são ilimitadas”, afirma. Paul destaca ainda que a tributação é altamente competitiva, sem imposto de renda estadual, e que o estado valoriza o trabalho como motor de desenvolvimento, oferecendo condições favoráveis para atrair investimentos e expandir negócios.
O CEO da Expert Brasil e representante oficial de Goiás na Câmara Texana, Getúlio Faria, reforça o potencial de setores específicos: “Indústria de alimentos, agronegócio, agrotecnologia, energia, tecnologia e mineração têm enorme potencial para parcerias com o Texas. Além disso, o mercado texano, com 32 milhões de habitantes e renda per capita oito vezes maior que a do Brasil, oferece oportunidades únicas de intercâmbio tecnológico e comercial”, explica. Ele alerta, porém, para os desafios de expansão: “O principal é o conhecimento. É preciso estar bem informado, assessorado, entender legislação, certificações, cultura empresarial e a língua. Somente assim uma empresa consegue se internacionalizar com sucesso”.
A Missão Empresarial Goiás-Texas
A Missão Empresarial Goiás-Texas, de 15 a 23 de novembro, levará empresários goianos a cidades estratégicas como Dallas, Arlington, Austin, San Antonio, McAllen, Edinburg e Brownsville. A programação inclui visitas a centros de inovação, análise de oportunidades em zonas francas, discussões sobre cibersegurança e apoio à pequenas e médias empresas. Para Max Paul, a iniciativa representa uma oportunidade concreta de gerar emprego, renda e visibilidade internacional para Goiás, fortalecendo a economia local e fomentando parcerias duradouras e inovadoras.

O evento também destacou lições práticas do modelo texano que podem ser aplicadas em Goiás. Paul explica que o contrato social do Texas permite que empresas façam qualquer atividade que não seja proibida por lei, facilitando diversificação de negócios e ampliando possibilidades de inovação. Ele sugere ainda que Goiás considere incentivos tributários e políticas para atrair empresas de tecnologia, acompanhando tendências globais e consolidando o estado como polo de inovação e negócios internacionais.
Getúlio Faria destaca a atuação direta da Câmara Texana com Goiás, mediada pela Expert Brasil, que funciona como ponte institucional e operacional para aproximar empresas goianas das oportunidades texanas. “A partir dessa conexão, as empresas do estado terão acesso a um mercado dinâmico, infraestrutura de ponta, oportunidades de inovação e cooperação tecnológica que podem transformar a maneira como Goiás se posiciona globalmente”, afirma. Ele lembra ainda que a missão não é apenas uma viagem, mas um passo estratégico para criar pontes de conhecimento, investimento e desenvolvimento.
O encontro reforçou casos concretos de cooperação, como empreendimentos brasileiros que se instalam no Texas, unindo competências nacionais e interesses americanos para gerar empregos, renda e visibilidade internacional. “Estamos juntando talentos, investimentos e inovação para criar novas alternativas de negócios. O objetivo é que Goiás não apenas siga o ritmo global, mas se posicione como protagonista em setores estratégicos”, conclui Max Paul. O evento e a missão representam, assim, uma oportunidade única de fortalecer laços econômicos e tecnológicos entre Goiás e um dos estados mais promissores do mundo.
História e independência
Muito antes de se tornar sinônimo de inovação e economia pujante, o Texas viveu uma trajetória marcada por disputas territoriais e lutas pela independência. “O território do atual Texas fazia parte da Nova Espanha, com missões e fortes para controlar a região e converter populações indígenas. Era pouco povoado e havia forte resistência local”, explica o economista Paulo Gala, no texto “A história de um ‘país’ entre o México e os EUA”.
Em 1821, com a independência do México, o território passou a integrar a nação recém-formada. Para protegê-lo e povoá-lo, o governo mexicano incentivou a chegada de colonos dos EUA, oferecendo terras mediante condições específicas, como converter-se ao catolicismo e obedecer às leis mexicanas. “Entre os colonos, líderes como Stephen Austin se destacaram, mas as tensões cresceram devido à escravidão e à demanda por autonomia”, acrescenta Gala.

A Revolução do Texas eclodiu em 1835, culminando na criação da República do Texas em 1836, após a vitória sobre tropas mexicanas na Batalha de San Jacinto. A independência, reconhecida por países como EUA, França e Reino Unido, mas não pelo México, marcou o início de desafios econômicos e militares para a nova nação.
Em 1845, o Texas foi anexado pelos Estados Unidos, provocando a Guerra Mexicano-Americana (1846–1848). “O Tratado de Guadalupe Hidalgo obrigou o México a ceder grandes territórios, consolidando o Texas como parte dos EUA”, conclui Paulo Gala.