Os efeitos da tão discutida Reforma Tributária começa a sair do papel. A partir de 1º de janeiro de 2026, o Brasil entra em um novo ciclo fiscal e, por sete anos, as empresas terão que operar com dois sistemas tributários, o atual e o novo, com a implantação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Mesmo com a proximidade do prazo, uma pesquisa recente da NTT Data mostra que 58% das empresas ainda não se movimentaram ou sequer sabem como agir.
No setor contábil, a situação não melhora. A “Sondagem do Setor Contábil”, realizada pela Omie neste ano, mostra que 60% dos contadores não se sentem preparados. Apesar da incerteza, muitos especialistas, gestores e empresários enxergam oportunidades.
“É necessário mais do que experiência neste momento, já que será preciso reorganizar processos, revisar a base tributária e impulsionar a eficiência operacional. Não há espaço para amadorismo neste novo ciclo”, explica Ivan Lima, diretor da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), membro do Conselho de Assuntos Tributários da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Conat/Fieg), CEO da KBL Contabilidade e sócio-membro do Tax Group.
A gerente regional da Brasal Incorporações em Goiânia, Elisa Leles, conta que a empresa está atenta e, por isso, contratou uma consultoria jurídica para auxiliar na transição por meio de estudos, análises de casos práticos, mentorias e suporte na implementação das novas regras tributárias já existentes e que surgirão nos próximos meses. “Estamos nos preparando para aproveitar os novos elementos trazidos pela Reforma Tributária, como regimes especiais, por exemplo”, conclui ela.
De olho nas oportunidades
Um ponto importante será a tendência de ampliação da tomada de créditos fiscais. Com a chegada da não cumulatividade plena nos novos tributos IBS e CBS, praticamente todas as despesas vinculadas à atividade empresarial poderão gerar crédito, incluindo custos operacionais antes desconsiderados. Para explorar esse potencial, é fundamental revisar as bases tributárias atuais e reclassificar despesas, garantindo ganhos e evitando pagamentos indevidos.
Flávio Rezende, CEO da Flávio’s Calçados, empresa com 46 anos de trajetória e que é hoje uma das maiores redes de calçados de Goiás, explica que o maior desafio é a imprevisibilidade. Por isso, a empresa contratou uma consultoria de planejamento tributário. “Estar preparado para a mudança antes dos concorrentes já representa uma primeira oportunidade e os times contábil-financeiros são vitais nesse momento. Eles vão precisar se atualizar e com certeza terão que usar inteligência tributária para um resultado assertivo”, conclui Flávio Rezende.

O uso intensivo de tecnologias será essencial para auditar e identificar créditos fiscais não aproveitados, especialmente os de Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), que serão extintos e prescrevem em cinco anos. “A recuperação desses valores e a adaptação de processos e sistemas vão fortalecer o fluxo de caixa e reduzir riscos fiscais. Assim, a transição deixa de ser apenas uma obrigação legal e se transforma em uma estratégia para aumentar a eficiência e a competitividade. A diferença entre ser penalizado ou prosperar estará na qualidade do planejamento e na capacidade de adaptação”, conclui Ivan.