Especialista da KBL mostra como a auditoria, compliance, controles internos e gestão de riscos formam a espinha dorsal da accountability. Em empresas familiares, o desafio é ainda maior com a necessidade de separar o patrimônio da empresa e da família
Em um ambiente empresarial cada vez mais exigente em transparência e responsabilidade, o princípio da prestação de contas — ou accountability — ganha força como uma importante engrenagem da governança corporativa. Discreta, mas estratégica, representa a maturidade das organizações que reconhecem o valor de estruturas sólidas de controle, gestão de riscos, auditoria e compliance.
Segundo o relatório “Governança Corporativa no Brasil 2022” do IBGC, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, mais de 80% das organizações que adotam práticas rigorosas de prestação de contas (como auditorias regulares, relatórios transparentes e controles internos) apresentam maior capacidade de atração de investidores e resistência em crises econômicas. O relatório destaca que a accountability é fundamental para fortalecer a confiança dos stakeholders e garantir decisões mais responsáveis.

O CEO da KBL Contabilidade, Ivan Lima, comenta que a prática de prestação de contas se materializa na existência de mecanismos concretos: conselhos fiscalizadores atuantes, relatórios tempestivos, códigos de conduta funcionais e políticas eficazes de integridade. “Quando essas estruturas estão ausentes ou mal definidas, os riscos crescem, especialmente em ambientes de gestão familiar”, comenta o especialista que também é diretor da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg) e membro do Conselho de Assuntos Tributários da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Conat/Fieg).
Lima explica que a prestação de contas é mais do que cumprir uma obrigação legal, é criar uma cultura de responsabilidade que delimita com clareza os papéis da empresa e da família. “Em empresas familiares, isso significa proteger o patrimônio, garantir longevidade e tomar decisões com base em dados, não em vínculos emocionais”, diz.
Na prática, esse princípio se traduz na existência de controles internos eficazes, comitês de auditoria, auditorias independentes, programas de compliance ativos e gestão de riscos estruturada. Para as empresas familiares, que representam cerca de 90% das companhias brasileiras e respondem por 65% do produto interno bruto (PIB), a ausência desses mecanismos pode significar vulnerabilidade.
Embora predominem no cenário econômico, menos de 30% dessas empresas chegam à terceira geração, devido a falta de governança, com destaque para a confusão entre os limites da empresa e da família. Por isso, a separação entre os patrimônios é uma premissa básica para qualquer organização que deseja profissionalizar sua gestão e sobreviver ao longo do tempo.
“Empresas que adotam boas práticas de accountability também colhem benefícios diretos: decisões estratégicas mais embasadas, maior resiliência frente a crises e uma imagem institucional mais sólida. Além disso, mecanismos como relatórios auditados, canais de denúncia eficazes e políticas claras de integridade ampliam a confiança entre sócios, gestores, conselhos e o mercado” conclui o especialista da KBL Contabilidade.