A internet é um dos maiores fenômenos sociais da história. Sempre que uma dessas tempestades destruidoras provoca um choque — varrendo e dizimando comportamentos estabelecidos —, lá está o ser humano diante do espelho, procurando um novo rosto, um novo comportamento para colocar no lugar.
Uma pessoa dos anos 1990 (ou antes) é um neandertal jogando pedrinhas na parede. Até o que ele estudou ou seu currículo maravilhoso, seus feitos, condecorações e troféus, são papel velho e decoração de penteadeira. Suas bandas e roupas, são vintage – para ser educado. O mundo mudou tanto que os não nativos de internet em pouco tempo serão memes de um novo humano que povoa a terra – os nascidos a partir dos anos 2000.
Eles já estão no mercado de trabalho, nas notícias e nas redes sociais. Dias atrás, eu vi que os negócios da noite, baladas e bares, já não tem o mesmo fôlego que na geração anterior. Outro ponto: o consumo de cerveja e refrigerante caem ano a ano. Cigarro, a mesma coisa. O mercado de trabalho até hoje estuda o trabalho.
A geração Z (1997 a 2012) e seu bebê, a geração Alfa (pós 2012), nem atravessaram grandes etapas na vida. Agora que a Z vai ficar adulta de verdade. Aí o bicho pega.
Antes, todos falavam que ela mudaria um pouco a Y-Millenniais (1981-1996), que ocorreu quando esta foi envelhecendo e chegou na X (1965 1980). Não está sendo assim. A internet moldou todas estas gerações vivas e, cada uma, de uma forma e valores.
Mas o radar está bem ligado. A Z já vai fazer 30 anos. O problema é que as empresas ainda vendem, contratam e se organizam conectados na proposta da X, no máximo, adaptado para a Y. Mas a Z é o dilema.
Na edição passada da Leitura Estratégica, falamos do mercado de trabalho se fechando para os 50+. Uma dezena de pessoas, encucadas e ciosas com o futuro, fizeram alguns comentários.
Eu só ouvi. Eles (nós) chegaram aos 50 sem perceber – foi rápido – e não fizeram tudo que sonharam, não enxergam o futuro de forma clara: terão de pedir emprego a um Z, e trabalhar com um Z, comprar na loja do Z. Se hoje o Z pede emprego, amanhã ele que vai te contratar. Reflexões continuam. Boa leitura nesta que é nossa 13ª semana de uma revista que se propõe a refletir.
Leandro Resende – editor-chefe da Revista Leitura Estratégica
Linkedin: leresende