Liderar um time, uma família ou uma empresa exige reflexões honestas. Nessas conversas internas, perguntas inevitavelmente surgem — até esbarrarem em uma parede com a pergunta: qual é o seu limite?
Possivelmente, além do que você está hoje. É um autorrecado para o corpo e mente de que suporta mais um pouco – e, depois, mais um pouco. E, quem sabe, amanhã e depois, mais um pouquinho.
É como se estivesse na academia, sem qualquer instrução, levantando pesos sem parar, aumentando carga, ignorando a própria força. Em algum momento é o corpo e a mente que começarão a dar recados exigindo uma parada, um freio de arrumação.
Muitos líderes já trombaram na parede e fizeram a reflexão. Muitos já estão quilômetros além do que deveriam estar. Muito longe para voltar e muito perto para cair. A nova liderança não pode mais ser movida só por pressão, ego e produtividade a qualquer custo. O CEO moderno está numa encruzilhada: ou aprende a cuidar de si e do seu time, ou vira estatística de burnout.
Na última edição, a Leitura Estratégica entrou forte neste tema. Nesta semana, voltamos a falara de liderança. Não vamos esgotar o assunto de se avaliar se não é a hora de trocar o pé do acelerador pelo do freio não. Vivemos a era do autocuidado, da saúde mental no topo das prioridades.
Cada um tem sua avaliação de limite e equilíbrio. Estratégia, gestão, disciplina e organização continuam sendo essenciais, sim. Mas coloca na pauta (não só da revista): pensar em formas de proteção da mente – sua e dos seus.
Liderar, nesta nova era, é ser humano. Há uma década, o líder era o Deus na empresa. Hoje, o líder é uma inspiração, mas, não divina, humana. É sujeito que “está no meio de nós”, mas não é celestial. Ele lidera pelo exemplo, convivendo, delegando mais.
Esse novo cenário da liderança traz vantagens. Reorganiza e divide o sistema de pressão, abre possibilidades de conhecer melhor seu ambiente, olhar mais no espelho e fazer autoavaliações mais precisas. Menos pressão, mais organização mental. O que, para os mais atualizados, permite abrir o leque de opções de ‘fugas’ antes de colapsar.
A edição 23 da Leitura Estratégica avança mais um degrau neste assunto. Voltaremos nele invariavelmente, pois o dilema desta década é a transição de líderes e suas formas de liderar – estrategicamente e mentalmente. Saúde mental e estratégias de negócios estão na pauta e vamos falar muito sobre. A revista tem crescido bastante em números de leitores – agradeço. Penso que é um momento de formar o hábito. Cultive bons hábitos, decisores (as), leiam sempre.
Leandro Resende – editor-chefe da Revista Leitura Estratégica
Linkedin: leresende