Por Ciro Ribeiro Rocha
Existe uma armadilha comum na gestão de marcas: acreditar que crescer é agradar mais pessoas. Falar com todos os públicos. Reduzir atritos. Tornar o discurso aceitável em qualquer contexto.
Seja no comércio, na política ou na indústria, é exatamente aí que a marca começa a se perder.
Na tentativa de não desagradar ninguém, passamos a abrir mão de escolhas claras. Ajusta o discurso. Ameniza posições. Faz concessões que parecem pequenas, mas que, somadas, diluem identidade. A marca continua visível, mas deixa de ser reconhecível.
Marcas fortes não são construídas pelo consenso. Elas existem, porque sustentam limites. Escolhem um caminho e aceitam as consequências dessa escolha. Isso inclui perder oportunidades de curto prazo, abrir mão de certos públicos e contrariar expectativas externas.
Quando uma marca tenta caber em todos os discursos, ela deixa de caber em si mesma.
O problema não é evoluir. Marcas precisam evoluir. O problema é confundir evolução com adaptação constante. Mudar a cada tendência, a cada liderança, a cada pressão do mercado não é inteligência estratégica. É falta de convicção.
Crescer não é falar com mais gente. É aprofundar a relação com quem realmente importa. É ser clara o suficiente para que algumas pessoas se afastem e outras se aproximem com mais força.
No fim, marcas que tentam agradar todo mundo não desaparecem de imediato. Elas apenas se tornam indiferentes. E indiferença é o estágio anterior ao esquecimento.

Ciro Ribeiro Rocha, fundador da Enredo Brand Innovation.














