Entre os indicadores utilizados pelas empresas, como EBITDA, margem de EBITDA, Lucro Líquido, Margem Líquida e Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), que fornecem informações relevantes sobre a performance operacional e financeira da empresa, porém, não necessariamente refletem se o capital investido está sendo eficientemente alocado. Nesse contexto, o Valor Econômico Agregado (EVA – Economic Value Added) surge como uma das métricas mais robustas para avaliar se a empresa está realmente criando ou destruindo valor para os acionistas.
O EVA vai além desses indicadores, uma vez que considera o custo total do capital (próprio e de terceiros); ajusta distorções contábeis (como amortizações e provisões) e mostra se a empresa está realmente agregando valor ou apenas cobrindo seu custo de capital, ou até destruindo valor. As suas principais contribuições são: foco no valor para o acionista: mostra se a empresa está gerando retorno acima do mínimo exigido; incentivo a decisões eficientes: gestores são avaliados pela criação de valor, não apenas por lucro contábil e alinhamento com o mercado (empresas com EVA positivo tendem a ter valuation mais elevado).
O EVA é calculado pela seguinte fórmula: EVA = NOPAT – (Capital Investido x WACC). Onde:
– NOPAT (Net Operating Profit After Taxes): lucro operacional líquido após impostos;
– Capital Investido: soma do capital próprio e de terceiros investidos no negócio e
– WACC (Weighted Average Cost of Capital): custo médio ponderado do capital.
O NOPAT é o lucro operacional ajustado por impostos: NOPAT = lucro operacional líquido x (1 – Taxa de Imposto).
Exemplo: Se uma empresa tem um lucro operacional líquido de R$ 10 milhões e alíquota de IR de 30%, então: NOPAT = R$ 10 mi x (1 – 0,30) = R$ 7 mi.
O capital investido é a soma do ativo não operacional e a necessidade de capital de giro, que é igual o ativo operacional (exceto caixa e aplicações financeiras menos passivo operacional (exceto empréstimos bancários). Por exemplo:
– Ativo não operacional = R$ 50 milhões
– Necessidade de capital de giro = R$ 30 milhões
– Capital investido = R$ 50 mi + R$ 30 mi = R$ 80 milhões
O WACC é a média ponderada do custo do capital próprio e do capital de terceiros: WACC = (E x Ke) + (D x Kd) x (1 – Taxa de Imposto): (E+D). Onde: E igual ao valor de mercado do patrimônio líquido e D é igual ao valor de mercado da dívida.
V é igual a E + D (valor total da empresa). Ke é igual ao custo do capital próprio (calculado via CAPM, por exemplo). Kd é igual ao custo da dívida antes de impostos. Por exemplo: Ke = 12%, Kd = 8%, E = R$ 50 mi, D = R$ 30 mi, Taxa de IR = 30%.
WACC = [(R$ 50 mi x 12%) + (R$ 30 mi x 8% x 70%)] / R$ 80 mi = 9,60%
Aplicando os valores anteriores: EVA = R$ 7 mi – (R$ 80 mi x 0,0960) = R$ 7 mi – R$ 7,68 mi = – R$ 680 mil. Neste caso, a empresa destruiu valor em R$ 680 mil, pois o retorno operacional (NOPAT) foi inferior ao custo do capital investido. O lucro não foi suficiente para remunerar o capital próprio e o capital de terceiros, apesar de ter sido positivo.

Marcos Freitas,
doutorando em Turismo, mestre em Finanças, economista e sócio-fundador da AM Investimentos.