Diretor de Gente e Gestão, Edilson Vieira dos Anjos, revela as estratégias da empresa para fortalecer vínculos, promover bem-estar e manter a cultura organizacional em diferentes unidades
Com unidades espalhadas por diferentes regiões do País e milhares de colaboradores atuando em contextos distintos, empresas de grande porte enfrentam os desafios constantes de manter a coesão de sua cultura organizacional, promover o bem-estar no ambiente de trabalho e fortalecer o papel da liderança. Essas missões se tornam ainda mais complexas diante de fatores como a alta rotatividade em algumas funções, a convivência de múltiplas gerações nas equipes e a necessidade de adaptar práticas de gestão a diferentes realidades operacionais.
Para entender como essas questões vêm sendo enfrentadas no dia a dia de uma das maiores empresas do setor alimentício do Brasil, conversamos com Edilson Vieira dos Anjos, diretor de Gente e Gestão do Grupo Piracanjuba. Na entrevista, ele compartilha as estratégias adotadas pela companhia para promover a proximidade entre lideranças e colaboradores, garantir ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis e fortalecer os valores da organização em todas as suas unidades.
Leitura Estratégica: A Piracanjuba conta com milhares de colaboradores em diferentes unidades e áreas. Como a empresa consegue manter uma comunicação interna eficaz e um padrão de conduta alinhado à cultura organizacional, mesmo em contextos tão diversos?
Edilson Vieira – Certos princípios são universais e o cuidado e respeito são alguns em que o Grupo Piracanjuba foca e orienta seus líderes a praticarem em todas as suas unidades, independentemente da região geográfica ou traços culturais. A partir daí, políticas e programas são estabelecidos primando sempre pelo bem-estar e desenvolvimento de nossos colaboradores. Dois exemplos são o Programa de Desenvolvimento de Líderes (PDL) e o Cuidado Ativo. O primeiro é um conjunto de treinamentos para identificação, desenvolvimento e preparação de boas lideranças; já o segundo é um programa com ações voltadas à prevenção de acidentes no trabalho, promoção da saúde e proteção de todos os colaboradores.
LE: O setor industrial também enfrenta desafios de mão de obra, como alta rotatividade e baixa retenção em algumas funções. Como criar vínculos com colaboradores que muitas vezes permanecem pouco tempo na empresa e têm baixo engajamento inicial?
EV: No Grupo Piracanjuba, acreditamos muito na proximidade e na comunicação clara e transparente das lideranças com todo e qualquer colaborador. Uma forma de fortalecimento desse vínculo e estreitamento das relações ocorre por meio de programas como o “Leite & Prosa”. Nele, ao menos uma vez ao mês, a principal liderança da unidade se reúne com colaboradores para tomar um lanche e conversarem a respeito de amenidades, histórias de vida e troca de ideias para melhoria dos ambientes de trabalho. Isso ocorre tanto na sede administrativa, com o presidente da empresa e diretoria, bem como nas fábricas e postos de resfriamento de leite, com as gerências regionais.
LE: A entrada da Geração Z no mercado de trabalho tem trazido novas expectativas sobre ambiente, propósito e gestão. Como a Piracanjuba tem lidado com esse perfil de colaborador e o que tem funcionado para atrair, engajar e reter esses jovens?
EV: Atualmente, temos num mesmo ambiente de trabalho cerca de quatro gerações convivendo simultaneamente, desde os mais experientes, como os “Baby Boomers”, até a “Geração Z”. Cada um desses grupos tem características, ambições e perspectivas de mundo e carreira distintas. Uma alternativa encontrada pelo Grupo Piracanjuba é a revisão constante de suas políticas de Gestão de Pessoas, desde processos de atendimento a colaboradores, encarreiramento, revisão de cargos, salários e benefícios, pesquisa de clima organizacional e programas robustos de treinamento e desenvolvimento, todos ajustados conforme o público-alvo e sempre prezando pela boa convivência, de modo que cada um possa se sentir bem no trabalho e enxergar as mais diversas oportunidades profissionais.
LE: Em casos de comportamentos inadequados, como a empresa atua, especialmente em unidades operacionais distantes da sede ou em situações com pouca supervisão direta? Que políticas ou canais são utilizados nesses contextos?
EV: Em primeiro lugar, é sempre importante ter políticas e processos de trabalho claros e bem comunicados a todos os colaboradores e em todas as unidades, desde as regras de convivência, as normas de segurança e qualidade na fabricação de alimentos até a legislação trabalhista. Além disso, todos os líderes passam periodicamente por uma reciclagem, denominada Oficina Trabalhista, na qual são revisitados temas relevantes à gestão de pessoas, combate a assédios e condições inapropriadas no ambiente de trabalho. Uma forma muito eficiente encontrada para verificação e gestão das relações é o Canal de Denúncias, denominado Contato Seguro. Trata-se de uma ouvidoria externa, que recebe queixas dos colaboradores e/ou terceiros/prestadores de serviço, seguidas de uma investigação minuciosa de cada caso e adoção das medidas cabíveis.
LE: Quais iniciativas a Piracanjuba tem adotado para fortalecer uma cultura de respeito, diversidade e convivência saudável, considerando as limitações operacionais de plantas industriais e a necessidade de manter o foco na produtividade?
EV: O Grupo Piracanjuba preza sempre pelo respeito à diversidade. Entendemos que a convivência harmoniosa, seja no ambiente profissional ou em nossa vida pessoal, passa pelo respeito mútuo. Constantemente, é importante falar e orientar os líderes sobre o tema, pois eles são os grandes porta-vozes da companhia e responsáveis pela disseminação dos valores e da nossa cultura, onde quer que esteja a unidade de atuação. Isso assegura uma boa convivência, mas acima de tudo, a manutenção dos padrões de qualidade e produtividade do negócio.
LE: Na sua opinião, empresas do setor alimentício, como a Piracanjuba, podem ser protagonistas de transformações sociais no ambiente de trabalho ou a pressão por eficiência e resultados limita esse papel?
EV: Toda organização de grande porte que entende a importância do seu papel social e o impacto que causa nas comunidades onde atua deve ter uma atuação voltada ao desenvolvimento da sociedade, começando pelo ambiente de trabalho com seus colaboradores. No Grupo Piracanjuba, independentemente das metas de crescimento e expansão/resultados do negócio, temos políticas de promoção e desenvolvimento dos colaboradores, como programa de bolsas de estudo há quase 20 anos, parceria com entidades assistenciais e órgãos públicos na região das unidades onde atuamos, além de ações voltadas à proteção do meio ambiente. Essas iniciativas demonstram o nosso compromisso com a agenda ESG ou ASG, voltada para as questões Ambientais, Sociais e de Governança. Isso tem pautado nossa forma de atuação ao longo das últimas décadas e entendemos que continuar “fazendo a coisa certa” nos impulsionará ainda mais para crescer e expandir nossa atuação Brasil afora. Afinal, o propósito do Grupo é o cuidado que alimenta a vida.