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Cordialidade não é elogio

Leitura Estratégica por Leitura Estratégica
dezembro 13, 2025
em Artigos
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Cordialidade não é elogio

Imagem: iStock

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Na semana passada, durante um jantar com amigos, um deles resolveu “elogiar” o profissionalismo do garçom (que aliás era muito bom mesmo), com a seguinte frase: “Parabéns, você é muito profissional. Nos tratou com muita CORDIALIDADE”.  

Você já me conhece e sabe que sou fã e discípulo de Dias Gomes. O mestre da dramaturgia crítica me ensinou que conivência com o absurdo é desvio de caráter. Assim, não alertar um amigo, de forma respeitosa, sobre o fato de que ele tenha dito uma besteira é hipocrisia e perfídia. 

Então, lá fui eu, com respeito, é claro…

Disse ao amigo que ser cordial, no Brasil, não é exatamente um elogio. Ao contrário. É uma afronta moral e traz consigo uma sombra histórica.

Obviamente, o amigo – que é muito inteligente – mas não é chegado a conceitos de filosofia ética estranhou:

“Como assim, Carlos André. Nada a ver”. Retrucou-me, com desconfiança. 

Você talvez fizesse como ele também leitor. Por isso, esclarecerei a você como fiz a ele. 

O sociólogo Sérgio Buarque de Holanda (que aliás é pai de Chico Buarque de Holanda), após uma longa temporada na Alemanha, como jornalista correspondente e pesquisador de Max Weber, percebeu e teorizou a figura do “homem cordial”. Essa teoria – diferentemente da leitura apressada e superficial da maioria dos brasileiros – não considera cordialidade como sinônimo de gentileza. 

O homem cordial, na percepção de Sérgio Buarque, é uma chave crítica para compreender os maiores vícios e as doenças morais brasileiras. O homem cordial é o sujeito que leva o coração (cor) para as relações institucionais; que confunde a esfera privada com a pública; que mistura afetos, amizades, parentesco e negócios. 

A cordialidade é a característica nefasta da falsidade e da obscuridade nas relações. 

O homem cordial é o pai do jeitinho brasileiro! Gosta de levar vantagem em tudo. Não tem lado. Gosta das coisas “nebulosas” para dizer que “não foi bem isso que ele quis dizer”. 

Sérgio Buarque dialoga com a tradição weberiana sobre o “Espírito do Capitalismo” e a “Ética do Trabalho”. Max Weber via, nesse tipo de ética, a valorização da disciplina, da impessoalidade, do dever racionalmente assumido: a vida econômica como vocação é sustentada por regras, não por favores. 

O Brasil, ao contrário, foi-se organizando sob a “ética da aventura” e dos afetos: vale mais a amizade do que o procedimento; o compadrio do que o edital; o telefonema do que o protocolo. O homem cordial substitui critérios objetivos por simpatias e por antipatias pessoais.

É nesse terreno mole e afetivo que a cordialidade abre espaço para a violência. Paulo Niccoli Ramirez, doutor em antropologia, chama a atenção para como o jeitinho cordial funciona: uma espécie de “ameaça velada o todo tempo”. 

O homem cordial é doce, sorridente, cheio de diminutivos, mas é manipulador e agressivo nas intenções. 

Quantas vezes você já não viu um homem cordial? 

Sabe aquele líder que chama o liderado de “amigão”, mas que – quando é desapontado – é agressivo? Sabe aquele chefe “paterno” que oferece “proteção” em troca de lealdade e que não hesita em destruir a carreira de quem o contraria? 

Isso é cordialidade. 

A cordialidade é o disfarce social da violência brasileira. É o sorriso que pede para “quebrar um galho” e para normalizar o desrespeito à fila.

O homem cordial não gosta de regras, porque elas não têm rosto. É justamente no apego aos rostos e às relações pessoais, que o homem cordial se reproduz e que faz da vida pública um lugar vulnerável à chantagem e à intimidação. 

Não é por acaso que, há alguns anos, o Manual de Redação da Presidência da República baniu o fecho “cordialmente” das comunicações oficiais. O gesto, à primeira vista sem importância, é um marco, pois indica a consciência de que o Estado democrático deve falar com o cidadão em tom institucional, não paternal. 

Ao trocar o “cordialmente” por fórmulas mais neutras como “atenciosamente” e “respeitosamente”, o poder público tenta se afastar da figura do governante que se dirige ao súdito como se fosse um velho conhecido de boteco. Quando o coração invade o espaço das formalidades, aquilo que parece calor humano se torna desculpa para privilégios e para ameaças. 

Assim, da mesa do restaurante à do Palácio do Planalto, o recado é o mesmo: cordialidade, no sentido brasileiro, não é elogio, é depreciação. 

Carlos André Pereira Nunes,
Linguista, professor, advogado especializado em
redação de atos normativos, conselheiro da OAB, diretor
da ACIEG e Presidente do Instituto Carlos André.

Tags: CordialidadeDisfarce socialElogioRelações humanas
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