A sustentabilidade deixou de ser uma escolha e passou a ser um imperativo estratégico para empresas que desejam competir globalmente. Em um mundo cada vez mais atento às mudanças climáticas, às desigualdades sociais e à transparência na gestão corporativa, empresários enfrentam um novo cenário: o sucesso nos negócios está, cada vez mais, ligado à capacidade de gerar valor econômico com responsabilidade ambiental, social e de governança — os chamados critérios ESG.
Ao operar em um ambiente internacional, o empresário precisa estar ciente de que as exigências do mercado global vão além de preço e qualidade. Governos, investidores e consumidores estão exigindo comprometimento real com práticas sustentáveis. Esse movimento vem acompanhado de um endurecimento regulatório em várias regiões do mundo. A União Europeia, por exemplo, está implementando a Diretiva de Devida Diligência de Sustentabilidade Corporativa, que obriga grandes empresas a monitorar, prevenir e mitigar riscos socioambientais em suas cadeias de suprimento — e essa obrigação atinge também fornecedores fora da Europa. Isso significa que empresas brasileiras que exportam ou participam de cadeias produtivas globais precisarão se adequar a esses padrões para manter e expandir seus mercados.
Na Alemanha, uma nova legislação já responsabiliza empresas com mais de 3.000 funcionários por violações de direitos humanos e danos ambientais em toda sua cadeia de fornecedores. Nos Estados Unidos, a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) está prestes a aprovar novas regras que exigem que empresas abertas divulguem riscos climáticos, planos de mitigação e relatórios de emissões. Essas mudanças, que até pouco tempo pareciam distantes da realidade empresarial brasileira, agora impactam diretamente a forma como as empresas operam, se comunicam e se posicionam.
Além disso, acordos multilaterais vêm consolidando compromissos globais em torno da preservação ambiental e da responsabilidade corporativa. A Conferência da ONU sobre Biodiversidade (COP15), realizada em Montreal em dezembro de 2022, selou um pacto que exige que empresas em todo o mundo incorporem à sua estratégia medidas de proteção à biodiversidade. E agora, com a realização da COP30 prevista para ocorrer em Belém do Pará, no Brasil, em 2025, os olhos do mundo estarão voltados para a atuação ambiental das empresas brasileiras. Esta será uma oportunidade única para o setor privado demonstrar liderança, compromisso e inovação no enfrentamento dos desafios ambientais globais.
A participação do Brasil como anfitrião da COP30 reforça o papel estratégico que o País pode ocupar na economia verde. Com sua biodiversidade única, matriz energética relativamente limpa e capacidade produtiva diversificada, o Brasil tem todas as condições para se tornar um protagonista global da transição sustentável. Mas isso dependerá da capacidade de seus empresários de se alinharem a essa agenda. O mercado internacional não quer apenas produtos; quer histórias responsáveis por trás de cada produto. Quer rastreabilidade, respeito a direitos humanos, redução de emissões e governança ética.

Anna Bastos,
Advogada sócia da Anna Bastos Advocacia
CEO da B21 Import Export