A semana foi promissora em mais um capítulo recheado das nossas desgraças nacionais. O engodo Brasil é tão rico em bandidagem que, se for listar nominalmente uma linha para cada larápio de paletó e gravata da Proclamação da República para cá, o compêndio vai ficar mais grosso do que a Bíblia Sagrada.
Enfim, na semana, a corrupção vestiu seu terno velho e saiu às ruas, exposta como tem de ser, com o caso fedorento do Banco Master, corrupção no sentido de corromper de vez a fé dos sujeitos comuns, que se iludem de que está tudo indo bem enquanto depravados pecadores, os sujeitos que governam, legislam e/ou julgam (e todo o seu entorno), estão empenhados em governar nosso destino, colocando um precinho extra para ter uma nova visão e opinião sobre assuntos pecaminosos.
O tal do Vorcaro pagava caro (e ostentava) para ter uma superlista de amigos e especialistas – defensores públicos e eminências pardas, todos tinham seu preço. Daniel Vorcaro, nome mais citado no Brasil nos últimos dias, é o CEO do derrocado Banco Master. Só vamos saber quem estava vendido ou se vendendo se a suposta lista de mensalão do Master vazar. Aí a casa vai cair e o chão vai tremer (…) assim como terremotos possíveis virão de uma provável delação da Operação Carbono Oculto (é outro assunto que quem sabe serão paralelas que se cruzam em algum ponto do gráfico, se não por negócio, por alguns personagens).
Enfim, voltemos ao Master. A lista deve explicações se os erros foram funcionais, burocráticos ou intencionais, pois o banco fez água faz muito tempo; o que ocorreu, nos últimos dias, foi afundar. Seja na lentidão do BC, na defesa disfarçada e fiel de congressistas “amigos”, na relação com juízes, nas bancas de advogados, apadrinhados, políticos, partidários e lobistas.
A conexão Vorcaro é uma rede que precisa ser muito bem investigada. Vai se mostrar como maior rombo recente do sistema financeiro do País. Não foi coisa de trombadinha, foi trombadona. Estes pickpockets da Faria Lima e seus comparsas precisam pagar a conta, pois avisados todos foram. Na mesa, a credibilidade.
O Brasil precisa ver e refletir sobre essa lista do Vorcaro mais do que a convocação final do Ancelotti para a Copa do Mundo.
A verdade é que tinha muito político, consultor, lobista e engravatado com baldinho tirando água do convés do Titanic brasileiro na Operação “Salva Master”. Se tivesse dado certo, era uma aposentadoria dos sonhos para duas ou três gerações (…), mas não deu. Agora o sonho pode (precisa) virar um pesadelo – em qualquer outro país sério, viraria. Vamos assistir de camarote.
Mas esse caso é digno de revelar que um grupo parrudo e dominante deseja (sonha, almeja, ama) cruzar com o lobista certo e acertar quanto vai custar sua boa vontade em defender, com unhas, dentes, mensalidades ocultas e demagogia, seu pensamento progressista e engajado, criando uma narrativa de que vale a pena defender pública ou silenciosamente.
Tem político que se elege para ser bajulado (comprado) por lobista. E tem lobista que já liga para comprar o passe de políticos quinze segundos depois que o TRE imprime a lista de eleitos para o Parlamento federal.
É o balcão mais nojento do Brasil – mas não se iluda: existe e deve recompensar cada milhãozinho envolvido na eleição, porque, para o cara gastar tudo que tem (e que não tem) para defender ao próximo, não deve ser só para ganhar o direito de ficar, por amor à bandeira, naquela arena (…) de BSB..
Bets, cassino, crime organizado, reforma tritbutária… tem lobista para tudo, e comprando a alma de líderes e parlamentares influentes (que se vendem e levam junto algumas dezenas de parlamentares-gado no bolso).
Vixe. O espaço acabou. O assunto que iria escrever nem era este. Era só um abre, uma pincelada para entrar no tema proposto. Mas esse Master inundou a cabeça de todo mundo, e tem tanta conexão e linha solta que você começa a falar sobre e… deu no que deu. Fecha assim. Melhor nem misturar, porque não vai caber o outro. Coisa ruim não mistura com coisa boa. Semana que vem, eu falo do outro. Bom que penso mais. Dessa vez, vai sem pensar mesmo.
Leandro Resende,
editor-chefe
Linkedin: leresende













