O sonho de termos um mundo único entre nós se tornou realidade. E um pesadelo. Com as redes sociais, e as guerras inevitáveis e incontroláveis de narrativas, somos o tempo todo defrontados face a necessidade de sabermos o que acontece, de que lado estamos (se dá humanidade ou da ausência dela), e se deixamos que isso nos afete no humor, relações familiares, de amizade e de trabalho.
Essa insegurança causa efeitos indeléveis na economia. Tanto que para se contraporem à consequente volatilidade dos mercados, os investidores buscam acompanhar a economia de perto, e os maus humores daqui e de acolá fazem com que surjam opções, hoje parcialmente aceitas, de investimentos tokenizados que prometem estabilidade, como por exemplo os chamados stablecoin. O que fazer, se a saúde mental e a insegurança econômica abrange a todos, mesmo os que dizem que para eles nada muda, dado que tudo está tão interligado que mal dá espaço para uma sutil independência mental?
Nem tudo está perdido, contudo. Primeiro, na questão das finanças. Isso fica claro pelos imensos e contínuos esforços de especialistas de todo o mundo no sentido de regular até mesmo essas moedas relativamente novas, como os stablecoin, tradicionalmente entendidos como uma saída pela tangente de players fraudulentos. Um desses fóruns é o Ai & Partners, de que participo ao longe. São diárias as menções a players condenados a saírem dos mercados, ou a darem esclarecimentos, como mais recentemente a fintech turca Papara, capturada em negociações espúrias em diversas moedas virtuais tokenizadas. Os stablecoin estão em fase de regulação também, e diversos grandes players lutam arduamente nesse sentido, como o J P Morgan, só para citar um exemplo. Estima-se que a tokenização já movimente entre 2 e 4 trilhões de dólares, por volta de 2 a 3% da movimentação diária das principais bolsas em todo o mundo. Isso também afeta o Brasil, com o crypto sendo alvo de operações contra lavagem de dinheiro do Hezbollah e do PCC, em matéria jornalística da revista Piauí.
Já no campo da saúde mental, talvez uma boa saída seja entender que embora as guerras continuem, se por um lado nada podemos fazer, por outro lado podemos entender o retrospecto sem ilusões vãs, e portanto com lucidez e razoabilidade. Não podemos, claro, deixar que isso nos afete tanto a ponto de deixarmos de acreditar. Não podemos fazer nada, certo? Mas podemos apoiar silenciosamente poderes que podem porventura se entender, e assim acreditarmos num novo dia. É pouco, mas na verdade sempre foi assim. Só que hoje está à vista de todos.

Rodrigo Contrera,
jornalista, especialista em real estate, e ator. Formado em Filosofia e Jornalismo pela Universidade de São Paulo, tendo mais de 25 anos de experiência como jornalista investigativo e técnico.














