A aprovação da Reforma Tributária no Brasil promete benefícios a longo prazo, mas é essencial, é crucial, entender o quanto antes os custos de adequação que as empresas terão que enfrentar no curto prazo. A transiçao não se limita a uma simples mudança no sistema de cálculo de impostos, envolve mudanças profundas nos processos, sistemas, na estrutura de gestão das empresas e exige investimentos substanciais em tecnologia e treinamento
Apesar disso, mais da metade das micro e pequenas empresas brasileiras ainda não se sente preparada para as mudanças e não consegue avaliar os impactos da Reforma em seus negócios. Segundo a nova edição da Sondagem Omie das Pequenas Empresas, 75% dos empresários ainda não receberam nenhuma orientação contábil, 77% afirmam que pretendem agir em até um ano e apenas 25% já participaram de eventos ou reuniões organizadas por contadores.
Apesar da desinformação, a maioria (53%) reconhece a importância de investir em serviços contábeis consultivos para enfrentar a Reforma. O valor e necessidade de investimento irá variar dependendo do porte da empresa, da complexidade de seus processos e da necessidade de consultoria especializada. É importante entender que para pequenas e médias empresas, que têm menos recursos e menor estrutura tecnológica, esses custos podem ser ainda mais expressivos proporcionalmente.
Impactos nos sistemas e processos
Empresas de médio e grande porte, que já operam com sistemas de gestão integrada (ERPs), terão que realizar uma série de ajustes técnicos para alinhar os seus sistemas à nova legislação. Isso inclui a atualização de softwares, a adaptação de cadastros fiscais e a reprogramação de rotinas automatizadas. Além disso, será necessário reestruturar o departamento fiscal e o contábil para lidar com a nova realidade tributária, assim como poderá ser necessária a contratação de consultoria especializada para evitar prejuízos.
Formação de preço e competitividade
Outro ponto crucial é a mudança na forma de apuração e cobrança de impostos sobre o consumo, o que impactará diretamente na formação de preços. A substituição de tributos como ICMS, PIS e Cofins por um único imposto (IBS) pode resultar em flutuações nas margens de lucro das empresas, especialmente daquelas que operam em setores com uma cadeia produtiva mais complexa, como alimentos e combustíveis. Por isso, as empresas precisarão avaliar cuidadosamente como os ajustes tributários vão impactar seus preços finais e nas estratégias de mercado.
Gestão e adaptação organizacional
O estudo “Reformas tributárias e efeitos de rede”, de mestres e doutores da FGV EPGE, publicado no Journal of Economic Dynamics and Control em outubro deste ano, estima que a eliminação de distorções pode aumentar o PIB em até 7,9% e o bem-estar em 1,8%. Existem ganhos a longo prazo, mas as empresas que não se prepararem para os novos custos iniciais poderão enfrentar dificuldades. Mais do que uma questão de conformidade legal, trata-se de uma oportunidade de transformação estratégica.

Ivan Lima,
CEO da KBL Contabilidade, boutique contábil sócia-membro do Tax Group.














