Há temas que revelam mais do que aparentam. A reportagem de capa desta edição trata de um deles: o impacto da tributação excessiva sobre o mercado e a sociedade. O caso do metanol, substância tóxica que tem sido usada em bebidas falsificadas, é apenas a face mais trágica de um problema estrutural.
Quando o Estado aperta demais o torniquete fiscal, empurra setores inteiros para a ilegalidade e fragiliza a própria base da economia. O resultado é perverso: o crime organizado se fortalece, a população perde segurança e confiança, e a tributação, que deveria ser instrumento de justiça, torna-se vetor de desigualdade.
O debate sobre o equilíbrio tributário é, antes de tudo, um debate sobre a vida – sobre as consequências humanas de um sistema que precisa ser revisto com urgência. Por trás de cada estatística, há histórias interrompidas, famílias devastadas e um alerta que não pode ser ignorado. É preciso repensar modelos, alinhar interesses e resgatar o propósito do poder público: servir à sociedade, não sufocá-la.
Esse olhar atento às causas e efeitos também aparece nas outras histórias desta edição. O médico Haikal Helou representa a força de quem transforma a dor em movimento. Sua trajetória é um lembrete de que a medicina é mais do que técnica – é empatia, escuta e capacidade de recomeçar. Já o executivo Edson Cândido mostra que a liderança moderna não se sustenta apenas em resultados, mas em propósito e coerência. Ao unir estratégia, sensibilidade e ética, ele reafirma que o verdadeiro crescimento é aquele que inclui e inspira.
Entre discussões econômicas e trajetórias pessoais, essa edição fala sobre responsabilidade nas escolhas, nas políticas e na forma de conduzir o futuro. O que une todos esses conteúdos é a ideia de que resistir, hoje, é um ato de propósito.
Porque só o propósito, seja ele individual ou coletivo, é capaz de manter de pé aquilo que o tempo, as crises e as urgências insistem em abalar.

Rafael Vaz,
editor da Revista Leitura Estratégica.