Confira a baixo a resposta do colunista Marcelo José de Aquino para a coluna O Conselho.
A cada dia, os riscos se tornam mais complexos de serem identificados e gerenciados. Além disso, podem causar estragos significativos nas organizações — e, em alguns casos, até levar ao seu desaparecimento. Efeitos de pandemias, sequestros de dados, novas regulamentações, volatilidade de mercados, perda de reputação e impactos decorrentes de disputas geopolíticas, entre outros, precisam estar no radar das organizações. Não adianta apenas discutir!
Nesse contexto, surgem questionamentos importantes: A empresa tem conhecimento dos principais riscos inerentes ao seu negócio e das consequências caso não sejam gerenciados adequadamente? A alta administração tem clareza sobre o seu apetite ao risco? Como a alta liderança monitora os principais riscos? Quem são os responsáveis por eles?
Via de regra, correr riscos significa fazer algo que pode resultar em um desfecho adverso. O risco está intimamente ligado ao futuro — algo que não dominamos — e faz parte da vida, especialmente quando tomamos decisões. É claro que também estamos sujeitos a riscos positivos, como ganhar na loteria ou conquistar um grande contrato inesperado, mas normalmente associamos o risco a eventos negativos. Estamos rodeados de riscos: perder o emprego, bater o carro, ver um investimento ruir ou enfrentar imprevistos no exercício da profissão, entre outros.
Queiramos ou não, o risco será sempre um companheiro de jornada. Nas empresas, não é diferente. Existem inúmeros riscos que, muitas vezes, não são gerenciados adequadamente — ou sequer possuem algum tipo de gerenciamento. Costuma-se observar uma maior atenção à gestão de riscos de crédito e de liquidez, mas outros, como riscos de mercado, operacionais e de imagem, além dos já citados, frequentemente são negligenciados, ficando à mercê de forças externas ou da sorte.
Os riscos podem ser evitados ou mitigados. E, para começar, não é necessário nenhum recurso extraordinário, apenas passos estruturados, como:
1. Mapear os principais riscos, incluindo os improváveis, em uma matriz;
2. Quantificar os possíveis impactos e a probabilidade de ocorrência;
3. Decidir se os riscos serão aceitos, reduzidos, evitados ou compartilhados;
4. Implementar controles para mitigação;
5. Monitorar os riscos com frequência.
A alta administração deve acompanhar constantemente a matriz de riscos, atualizando-a com base em novas ameaças e potenciais impactos.
Depois da perda, não adianta chorar pelo leite derramado ou se perguntar o que poderia ter sido feito de forma diferente. Ainda há um longo caminho a ser percorrido em direção a uma cultura sólida de gerenciamento de riscos, pois, como apontam diversas pesquisas, esse é um dos principais desafios das empresas atualmente.
É recomendável não brincar com os riscos — especialmente aqueles improváveis, mas com impactos significativos. A menos que você e sua empresa contem com proteção divina, não deixe de implementar um processo de gerenciamento de riscos adequado.

Marcelo José de Aquino
Sócio da Ganplo Treinamento e Governança, Membro de Conselho de Administração e Consultivo de empresas.