GUERRA DAS FERROVIAS

As duas gigantes do setor ferroviário brasileiro, VLI Multimodal e Rumo Logística, estão em campo com grandes pacotes de investimentos e, em alguns casos, saindo faíscas quando os batentes das mesmas se cruzam. Com R$ 15 bilhões no bolso, a VLI, controlada pela Vale, vai priorizar o chamado Arco Norte, entrando em novos mercados de cargas, como Mato Grosso, e expandindo no Maranhão – terreno fértil da Rumo. No total, deve construir mais 1 mil quilômetros, sendo a metade no Mato Grosso, entre Água Boa e Lucas do Rio Verde.

 

Contragolpe


A Rumo respondeu e protocolou pedido no trecho Água Boa-Lucas do Rio Verde. No local pretende chegar com a ampliação da Ferronorte, a partir de Rondonópolis. A empresa é a base de uma gigante plataforma multimodal no Estado, que está interligada a Goiás – com terminais em Rio Verde e São Simão, além da Ferrovia Norte-Sul, que liga São Paulo ao Maranhão. A VLI é muito forte no Pará e Minas Gerais (foco da sua controladora) – que usa trecho na Norte-Sul no Maranhão.

Batida de frente

O trecho de Lucas do Rio Verde e o de Chaveslândia (MG), na divisa com Goiás, a Uberlândia, com 276 km, colidiram de frente com a concorrente, Rumo, do Grupo Cosan. A VLI aponta vem analisando investimentos voltados ao Arco Norte e entrada em Goiás desde 2018. Após perder a Norte-Sul para Rumo, estes projetos colocariam de novo a VLI forte no Centro-Oeste – dominado pela concorrente.

Grãos


No centro da disputa, o mercado de cargas de grãos de Goiás, Mato Grosso e Maranhão. A Rumo já tem a Norte-Sul, que rasga todo território. Os ramais internos nos Estados serão decisivos. A VLI tem sua estrutura do Pará a Itaqui montada. Se conseguir se estruturar nestes trechos vai lutar, por safra, por 6 milhões de toneladas no Maranhão (trecho Balsas-Porto Franco), por 30 milhões de toneladas no Mato Grosso (trecho Água Boa a Lucas) e por 15 milhões de toneladas em Goiás (trecho das mineiras Chaveslândia e Uberlândia), usando os trilhos da FCA, outra empresa que opera no setor, para levar as cargas ao Sudeste.

Publicado na Revista Leitura Estratégica Ed. 11, em dezembro de 2021